Anielle Franco é a nova ministra da Igualdade Racial

Anielle Franco é a nova ministra da Igualdade Racial

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Redação – redacao@negrxs50mais.com.br

Anielle Franco, 37, tomou posse nesta quarta-feira, dia 11, como ministra da Igualdade Racial. Em seu discurso afirmou que “o racismo merece um direito de resposta eficaz” e relacionou ações voltadas ao combate à desigualdade racial, com o fortalecimento do papel das mulheres negras. Afirmou também que apesar de a maioria da população brasileira se autodeclarar negra, “é possível observar que os brancos ocupam a maior parte dos cargos gerenciais, dos empregos formais e dos cargos eletivos”. Por outro lado, disse, a população negra está no topo dos índices de desemprego, subemprego e de ocupações informais, além de receber os menores salários.

A cerimônia realizada no Palácio de Planalto, em Brasília, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin. Além de Anielle, também tomou posse, como Ministra dos Povos Indígenas, a deputada eleita por São Paulo Sônia Guajajara.

A nova ministra cobrou o envolvimento dos não negros na superação das desigualdades. “O Brasil do futuro precisa responder às dívidas do passado. E é por isso que em um governo de reconstrução nós gostaríamos também de falar com os não negros. O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial é um dever de todos nós”, disse.

Anielle Franco - Ministra da Igualdade Racial - Lula - Alckmin - posse
A ex-presidente Dilma Roussef, o presidente Lula e o vice, Alckmin, participam da cerimônia de posse das ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Raça e etnia determinam desigualdades de oportunidades no Brasil

A nova ministra afirmou o compromisso de exercer o cargo com “transparência, seriedade, técnica, combatividade, cuidado, respeito à trajetória e conquistas dos movimentos sociais e muita escuta”.

Ressaltou as diferenças raciais na sociedade brasileira: “Não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade”, disse a ministra.

Os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Palácio do Planalto e ao Congresso no domingo também foi condenado por Anielle. “Depois dos atentados sofridos por esta casa e pelo povo brasileiro no último domingo, pisamos aqui em sinal de resistência a toda e qualquer tentativa de atacar as instituições e a nossa democracia. O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido em nossa sociedade”, disse.

Ministério atuará com os demais para atender demandas por igualdade racial

Segundo Anielle, a pasta atuará de forma transversal em união com outros ministérios, como os da Justiça, dos Direitos Humanos, da Saúde, da Cultura e das Mulheres. “O compromisso com a Igualdade Racial no Brasil não pode ser o compromisso apenas deste ministério”, afirmou.  As prioridades incluem políticas voltadas para a saúde da população negra, a retomada do plano Juventude Negra Viva – uma iniciativa para reduzir a vulnerabilidade da juventude negra – e atenção às comunidades quilombolas.

O fortalecimento das Leis de Cotas no ensino superior, na pós-graduação e no serviço público estão no foco de Anielle. Ela, inclusive, agradeceu ao presidente Lula, pois se beneficiou pelas cotas quando estudou na Uerj.

Anielle Franco - Ministra da Igualdade Racial - Lula - Alckmin - posse
Lula, Alckmin, Anielle, Ruy Costa e Sílvio Almeida – Foto Valter Campanato/Agência Brasil

Mandante do assassinato de Marielle ainda não foi revelado

Nascida na favela da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Anielle é mestra em jornalismo e em inglês pela Universidade da Flórida A&M e doutoranda em linguística aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Formada em jornalismo e em inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte, e em inglês/literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Foi atleta profissional de vôlei, esporte que começou a jogar aos oito anos de idade. Ganhou bolsas de estudo e aos 16 anos de idade foi para os EUA onde viveu por 12 anos.

Ex-diretora executiva e fundadora do Instituto Marielle Franco, em homenagem à sua irmã vereadora assassinada em 14 de março de 2018. O instituto promove atividades culturais e educacionais, com o objetivo de ide inspirar, conectar e potencializar jovens, negras, pessoas da comunidade LGBTQIA+ e periféricas.

 Em seu discurso se emocionou ao lembrar do crime, cujo mandante ainda não foi identificado. Anielle disse ter aceitado assumir a pasta para honrar o legado da irmã assassinada com cinco tiros na cabeça junto com o motorista Anderson Gomes.

A nova equipe do ministério será a seguinte:

  • Roberta Eugênio, secretária executiva;
  • Flávia Tambor, chefe de gabinete
  • Márcia Lima, Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo;
  • Ieda Leal, Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial;
  • Ronaldo dos Santos, Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos.

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