Cobertura tendenciosa da mídia custa US$4,2bi/ano à África
Redação – redacao@negrxs50mais.com.br
Os países africanos pagam US$ 4,2 bilhões somente em serviço da dívida, em função custo econômico da cobertura tendenciosa da mídia. A conclusão é de uma pesquisa conduzida pela Africa No Filter e pela empresa de consultoria estratégica Africa Practice. Para estimar esse valor, os pesquisadores calcularam potenciais economias em custos de serviço da dívida na Nigéria, Quênia, Egito e África do Sul. O estudo, intitulado The Cost of Media Stereotypes to Africa, empregou uma combinação de análise quantitativa e insights qualitativos, para explorar as repercussões financeiras do viés da mídia.
O estudo usou estimativas acadêmicas indicando que os estereótipos reforçados pela mídia podem influenciar as taxas de juros de empréstimos em até 10%. Uma melhoria de 10% levaria a uma redução de 1% nas taxas. O trabalho estudou as narrativas negativas das coberturas das eleições africanas. Na comparação, 88% dos artigos da mídia sobre o Quênia forma negativos, com apenas 48% para a Malásia.
O impacto econômico das reportagens tendenciosas dos veículos de comunicação
Ao comparar os custos reais do serviço da dívida com aqueles ajustados para o sentimento melhorado da mídia, os pesquisadores estimaram economias potenciais de até 0,14% do PIB por ano. Extrapolando essa estimativa para todo o continente, a África perde até US$ 4,2 bilhões anualmente devido a narrativas negativas da mídia.
Esse montante de recursos poderia financiar a educação de mais de 12 milhões de crianças em África – equivalente à população da Tunísia. Poderia atender mais do que as populações somadas de Angola e Moçambique. Com o valor também seria possível fornecer água potável para mais de 2/3 da população da Nigéria, o país mais populoso do continente, com 220 milhões de pessoas.
Principais conclusões:
Impacto financeiro:
O estudo estima que o prêmio no serviço da dívida custa aos países africanos US$ 4,2 bilhões a cada ano. Esse valor poderia financiar a educação de mais de 12 milhões de crianças. Ou fornecer imunizações para mais de 73 milhões de crianças ou garantir água potável para dois terços da população da Nigéria.
Viés da mídia durante as eleições
A pesquisa se concentra na cobertura da mídia durante as eleições em quatro países africanos — Quênia, Nigéria, África do Sul e Egito. A comparação ocorreu com nações não africanas como Malásia e Dinamarca. Descobriu que narrativas negativas dominam o discurso em torno das eleições africanas, com 88% dos artigos da mídia sobre o Quênia durante seu período eleitoral relatados como negativos, em comparação com apenas 48% para a Malásia.
Consequências econômicas
Ao analisar potenciais economias nos custos de serviço da dívida para Nigéria, Quênia, Egito e África do Sul, os pesquisadores descobriram que a melhora do sentimento da mídia poderia reduzir as taxas de juros dos empréstimos em até 1%, o que se traduz em potenciais economias de US$ 4,2 bilhões anualmente em todo o continente.
Apelo por melhor representação na mídia
A União Africana se move em direção ao estabelecimento de sua própria Agência de Classificação de Crédito da África. O objetivo será abordar as perspectivas que atualmente informam as classificações. Há há um movimento crescente para desafiar os vieses inerentes ao sistema financeiro global e examinar o papel da mídia. A agência a ser criada visa fornecer uma análise mais justa e regional do risco soberano. Assim afastando-se das suposições pessimistas frequentemente feitas por agências de classificação internacionais com presença local limitada.
“A escala desses números ressalta a necessidade urgente de desafiar estereótipos negativos sobre a África e promover uma narrativa mais equilibrada”, afirmou Moky Makura, Diretor Executivo da Africa No Filter. O relatório enfatiza que, embora o serviço da dívida do Eurobond constitua apenas 6% do portfólio de financiamento da África, uma exploração mais aprofundada de outras entradas financeiras é essencial para entender completamente a extensão do prêmio que afeta as nações africanas.
Trabalho colaborativo por representação mais equitativa da África
As descobertas ressaltam a necessidade de uma recalibração das representações da África na mídia global. Exige, assim, retratos mais precisos que reflitam as diversas realidades do continente.
“A cobertura atual da mídia global frequentemente exagera os riscos associados a fazer negócios na África. Dessa forma, contribui significativamente para o prêmio que dificulta o investimento”, acrescentou Marcus Courage, CEO da Africa Practice.
O estudo serve como um chamado claro para as partes interessadas tanto na mídia quanto nas finanças. Um alerta para trabalharem colaborativamente em direção à promoção de uma representação mais equitativa da África. Ao abordar esses vieses, investimentos substanciais podem ser desbloqueados.
Publicação do Africa No Filter