Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra

Redação – redacao@negrxs50mais.com.br
Nesta sexta-feira, 25 de julho, são comemorados o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. É uma data de resistência, visibilidade e afirmação das lutas das mulheres negras da diáspora latino-americana. É uma parte da sociedade que segue no enfrentamento diário dos efeitos combinados da escravidão colonial, do patriarcado e da exclusão socioeconômica.
A violência de gênero afeta milhões de mulheres no Brasil. Mais de 21 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de agressão em 2024, o que equivale a 2.400 mulheres violentadas por hora. Os feminicídios em 2024, foram 1.450, o que significa cerca de 11 mulheres vítimas de feminicídio (tentado ou consumado) por dia. Nesse quadro, as mulheres negras têm 2,2 vezes mais chances de serem assassinadas do que as brancas.
Comemoração com objetivo de denunciar o racismo, o sexismo e as múltiplas formas de opressão
Na economia as mulheres negras recebem, em média, 48% menos do que os homens brancos. Além desses, entre outros dados, mostram que dedicam, em média, 21,3 horas semanais a atividades domésticas e de cuidado não remunerado. Os homens dedicam 11,7 horas nessas atividades, praticamente a metade do tempo. Essa “dupla jornada” impacta o desenvolvimento profissional feminino. Outro dado é a informalidade no mercado de trabalho que atinge as mulheres, especialmente as negras. No 4º trimestre de 2023, 41,9% das mulheres negras estavam em empregos informais, comparado a 32,6% das mulheres não negras.
No ranking global, o Brasil ocupa a 133ª posição no ranking de representação parlamentar de mulheres, segundo a ONU Mulheres. Na Câmara dos Deputados, as mulheres representam apenas cerca de 15% dos membros. Delas apenas 3% são negras. No país são 13% de prefeitas. Somente uma mulher conquistou a cadeira de vereadora em mais de 1.800 cidades. Nenhuma mulher foi eleita para as câmaras municipais em outras 958. Mulheres negras, que compõem 28% da população, são prefeitas em apenas 4% dos municípios. Na principal instância do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) há apenas uma mulher como ministra.
A comemoração da data começou em 1992. O 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado na República Dominicana, instituiu o dia. O objetivo era denunciar o racismo, o sexismo e as múltiplas formas de opressão que incidem sobre as mulheres negras na região.
Tereza de Benguela e o reconhecimento nacional
No Brasil, desde 2014, Lei nº 12.987, instituiu o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, também em 25 de julho. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola do século XVIII. Ela viveu na região do atual estado do Mato Grosso. Após a morte do companheiro José Piolho, ela assumiu a liderança do Quilombo do Quariterê e organizou uma comunidade formada por negros e indígenas que resistiu ao regime escravocrata por mais de duas décadas. Sob sua liderança, o quilombo desenvolveu uma estrutura social e política avançada, com parlamento, defesa armada, comércio e sistema próprio de produção.
Eventos marcam as comemorações em todo o país
No próximo domingo, dia 27, acontecem manifestações por todo o país. A Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro (FEM Negras RJ), concentra às 10 horas na Praça do Lido e tem como tema o mote “Contra o racismo, por justiça e o bem viver”.