Marcha une mulheres negras na luta contra o racismo
Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil – redacao@negrxs50mais.com.brVersão em áudio
Milhares de mulheres negras de diversas partes do país participaram nesta terça-feira (25), em Brasília, da segunda edição da Marcha das Mulheres Negras. Estiveram em pauta os direitos básicos, incluindo a luta contra o racismo. 
A ministra das Mulheres, Márcia Helena Lopes, destacou que as mulheres negras representam 28% da população.
“A a nossa luta é pela reparação, é pela igualdade racial, é pela igualdade de gênero. São cerca de 10 milhões de meninas e mulheres por esse Brasil. Então, que essa marcha se estenda por todo o Brasil e por todo o planeta”, destacou.

Foto: Daniella Almeida/Agência Brasil
Apesar do clima chuvoso na capital federal, as participantes caminharam pela Esplanada dos Ministério desde às 12 horas. Uma delas foi Lindalva Barbosa, servidora pública aposentada moradora em Salvador (BA). Ativista há 40 anos, ela lembra que as mulheres negras “marcham há séculos” por liberdade, justiça, saúde e, sobretudo, pelo direito à vida.
“Eu vim marchar por reparação e bem viver para as mulheres negras e para todo o Brasil. Porque, quando as mulheres negras se movimentam, toda a sociedade se movimenta, como diz Angela Davis”, afirmou Lindalva, em referência à filósofa e escritora norte-americana , uma das lideranças mundiais na discussão sobre racismo.
Mobilização fortalece trabalhos em defesa dos direitos da população negra
As mulheres presentes na marcha ressaltaram que participar da mobilização renova e fortalece os movimentos que trabalham em defesa dos direitos da população negra.

Foto: Daniella Almeida/Agência Brasil
“Eu vim à marcha principalmente para nos fortalecer, mas, acima de tudo, para colher essa energia dessas mulheres. E para aprender também. Eu ando em marcha não só por mim, mas por todas nós”, afirma Ana Benedita Costa, do Recife (PE).
Educadora e coordenadora de uma escola de frevo, ela ressaltou a contribuição do povo negro na construção da cultura e da sociedade – que precisa ser valorizada e reconhecida. “Eu acredito também que nós, mulheres negras, juntas, podemos ensinar não só ao nosso povo, mas quem está ao redor, quem também acredita nessa luta antirracista”, diz.
Em pauta lutas contra intolerância religiosa e respeito à diversidade
A luta contra a intolerância religiosa foi a principal motivação de Ednamar Almeida, Ialoxairá de Foz do Iguaçu (PR), para estar presente na Marcha.

“Nós, mulheres de terreiro e mulheres negras, sentimos na pele a perseguição, a injustiça, a intolerância, o racismo, tanto nas nossas comunidades quanto no nosso dia a dia”, destacou.
Mulher trans, moradora de Brasília, Hellen Gabrielle Cunha Gomes da Silva, se juntou às participantes de outras partes do país por acreditar que a marcha dá visibilidade para causas importantes para toda a sociedade. “Eu vim à marcha para compartilhar com a democracia, porque acho que a população tem um papel crucial nisso. Nossa população não se interessa tanto pela política e eu acho que, se nós fôssemos mais ativos nesse campo, a nossa situação seria bem melhor no país, com um todo”, apontou.

Segunda Marcha das Mulheres Negras
A nova edição da Marcha das Mulheres Negras foi realizada no mês em que é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, em 20 de novembro. O evento ocorreu dez anos depois da primeira marcha, em 18 de novembro de 2015, quando mais de 100 mil mulheres negras do Brasil marcharam em Brasília contra o racismo, a violência contra a juventude negra, a violência doméstica e o feminicídio, que vitimam essas mulheres, e pelo bem viver, rejeitando a mera sobrevivência.

