Sílvio Almeida é o entrevistado do Roda Viva na segunda, dia 22

Sílvio Almeida é o entrevistado do Roda Viva na segunda, dia 22

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Redação – redacao@negrxs50mais.com.br

Autor de diversas obras sobre filosofia, racismo e consciência de classe, entre elas o livro “Racismo Estrutural”, que discute o racismo na estrutura social, política e econômica do Brasil, Sílvio Almeida, 43 anos de idade, é o entrevistado do programa Roda Viva da próxima segunda-feira, dia 22, a partir das 22horas, na TV Cultura – canais 516 e 26 da Claro/NET e 2 da Sky, além do site da emissora, no canal do YouTube e nas redes sociais TwitterFacebook, e Linkedin.

Silvio Almeida é doutor em filosofia e teoria do direito pela USP, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e da Universidade Mackenzie, professor visitante da Universidade Duke, nos EUA, e presidente da Fundação Luiz Gama,

A bancada de entrevistadores contará com Thiago Amparo, professor de direito da FGV-SP e colunista do jornal Folha de São Paulo; Joyce Ribeiro, apresentadora do Jornal da Tarde da TV Cultura; Paula Miraglia, antropóloga e diretora geral do Nexo Jornal; Paulo Cruz, professor de filosofia e colunista da Gazeta do Povo; Flávia Lima, ombudsman do jornal Folha de São Paulo; e condução da jornalista Vera Magalhães.

Sílvio Almeida – superioridade branca x supremacia branca

“No Brasil, a ideia de “superioridade branca” converteu-se no final do sec. XIX no assimilacionismo. Foi uma saída genial dos intelectuais da época porque dava conta do problema das elites do pós-abolição, que era lidar com a massa de negros livres.

Diante da impossibilidade de fazer como nos EUA e defender a “supremacia branca”, o Brasil – um país de negros, indígenas e mestiços – apostou na “superioridade branca”. Daí a aposta no branqueamento como forma de “civilizar” o país. ” Artigo publicado no Midia 4P

Silvio Almeida – racismo estrutural e meritocracia

“Não existe racismo que não seja estrutural. Ele é um mecanismo muito complexo que cria, de um lado, vulnerabilidade, e, de outro, poder. Não existe racismo fora de uma relação de poder. Ele depende de estruturas sociais para que a discriminação continue sendo sistêmica”

“Se todo mundo é igual, se todo mundo convive bem e não há nenhuma barreira para os negros, como explicar que só os brancos estão em posição de poder e destaque? A única forma de se criar esse discurso, e conseguir lidar com a tensão, é [pela] meritocracia, ou seja, [dizer que] a pessoa chegou lá porque teve mais mérito”. Entrevista para o Huffpost

Operários - Tarsila - Amaral -miscigenação - racismo
Operários – Tarsila Amaral

Silvio Almeida – projeto nacional racista

“Um dos efeitos do racismo, e por isso ele funciona tão bem como uma forma de organizar a sociedade, é que ele é naturalizado. O racismo tem a capacidade de estar presente e se incorporar ao cotidiano das nossas vidas, está oculto. Ele é normal, faz parte da ordem. Todo dia um homem negro é morto, essa violência é cotidiana. Mas, agora, estamos em um momento de tensão, em meio a uma crise, um ato de brutalidade foi filmado, os ânimos estão inflamados. Quando o mundo está em desordem, a ordem pode nos chocar. Não há mais fumaça escondendo, o racismo aparece e se coloca em confronto aparente com as nossas convicções morais. As pessoas se perguntam: “Como eu não pude ver isso?”. Elas descobriram que o racismo não é um desajuste, não é uma patologia. É o que organiza a vida delas de todos os pontos de vista.”

“A primeira questão é se é possível um projeto nacional racista. É, e foi isso o que os projetos nacionais fizeram até agora, não só no Brasil. Aqui, existiu um pacto moral de todos contra os escravos. No século XIX, o racismo científico como ponto de vista teórico criou a ideia de que havia diferenças de raça, que isso era cultural. Era preciso criar estruturas para conter essa desordem.

Baixos salários são parâmetro com base racial

“Nos anos 30, o projeto de modernização afirmou que a miscigenação é a nossa vantagem e criou a ideia de democracia racial.

O Brasil é historicamente um país racista, mas hoje ocorre algo ainda mais grave. É a primeira vez na História em que ele incorpora de maneira ativa o discurso da supremacia branca.

Sempre houve o discurso da superioridade branca, quanto mais branco for, mas superior você é. Mas, agora, temos um governo com vínculos com a supremacia branca. Pessoas que acham que são brancas, mas que, se saírem do Brasil, não são. É um projeto assassino e suicidário. Mata as possibilidades de futuro. Eu me pego pensando em quantos rapazes negros melhores do que eu poderiam estar contribuindo com o Brasil.”

“A escravidão faz parte da História. Mas o racismo que observamos hoje não é só um resquício dela. A escravidão conviveu com o capitalismo industrial, o café brasileiro servindo ao europeu. Mas o racismo que vemos hoje é parte do projeto de modernização da sociedade pós-escravidão. Houve uma reorganização para reproduzir as desigualdades, e o racismo faz parte. Os baixos salários são um novo parâmetro com base racial.” Entrevista em O Globo

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