Eleições 2022 com vozes negras que falem alto por equidade racial

Eleições 2022 com vozes negras que falem alto por equidade racial

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Por redação – redacao@negrxs50mais.com.br

“A democracia é ruidosa e barulhenta porque inclui muitas vozes”, disse o presidente Lula em discurso nesta segunda-feira, dia 26. O ‘Negrxs50mais’ quer mais vozes nessa democracia. Vozes negras que falem alto, que gritem pelas vidas pretas e pardas; que defendam os corpos que carregam uma história que esse país por tanto tempo procurou calar. Muito barulho para propor e implementar pautas antirracistas que permitam uma efetiva equidade racial. Para tanto, é fundamental a eleição de parlamentares federais e estaduais negros e comprometidos com a defesa dessas bandeiras.

Um alerta necessário é o de que não basta ser negro, pois há muitos por aí que não têm compromisso com o antirracismo. Ao contrário, defendem ideário neocolonialista e se dizem contemplados por práticas que são racistas.

Precisamos eleger bancadas fortes e dedicadas ao enfrentamento das estruturas racistas consolidadas. Temos pautas como a da ampliação da política de cotas raciais, que está em processo de revisão no Congresso. A de proteção às vidas de jovens pobres das favelas e periferias. A de adoção de novas políticas de segurança que não criminalizem e encarcerem corpos negros pelo simples fatos deles serem negros.

O Quilombo nos Parlamentos

Uma iniciativa que segue a linha defendida pelo ‘Negrxs50mais’ é a do batizado “Quilombo nos Parlamentos”, lançada pela Coalizão Negras por Direitos. A entidade organizou 120 lideranças de diferentes partidos (PSOL, PT, PSB, PCdoB, Rede, PDT, PV e UP). No total 36 candidatos a deputados federal e 84 a estadual e distrital, oriundos de 22 estados e do Distrito Federal e com compromissos antirracistas.

O ‘Negrxs50mais’ considera fundamental a efetiva presença de negros em postos decisórios e com poder de execução. Espera do próximo governo a retomada e avanço nas ações que desenvolveu nos 14 anos em que esteve à frente do país. A reestruturação de entidades como a Fundação Palmares e Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção para a Igualdade Racial), estão nesse conjunto de expectativas.

Quilombro nos Parlamentos- Eleições 2022- Vozes negras - equidade racial

Um projeto democrático de país envolve a inclusão dos 56% de negros que formam a maioria da população. Uma verdadeira Justiça social é uma Justiça com equidade. A democracia não existe se temos o racismo para categorizar aqueles que têm ou não direitos com base na cor da pele.

Não basta eleger o presidente, tem que ter bancada

Estamos na reta final. Até domingo, 2, são apenas quatro dias. É necessário conquistar cada voto para formação de bancadas progressistas, capazes de apoiarem no nível federal o governo democrático de Lula. Não basta eleger o presidente e deixá-lo entregue ao legislativo dominado pelo Centrão, com seu orçamento secreto e todas as demais pautas do retrocesso.

Recentemente, quando do golpe contra o governo Dilma, vimos o poder das pautas-bombas e a capacidade de inviabilização do executivo subjugado pelo nefasto Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados.

A lógica de ação contra o retrocesso vale também para os governos estaduais, cujas bancadas são essenciais para a adoção de políticas públicas. Vale lembrar, por exemplo, o pioneirismo do sistema de cotas adotado pela Uerj, a partir de legislação aprovada na Assembleia Legislativa no início dos anos 2000.

O mesmo ocorre com o Senado, que terá 1/3 renovado. Além de seus próprios projetos de lei, os senadores são responsáveis pela revisão das decisões da Câmara. Com papel fundamental no Congresso.

Voto contra políticas de morte e extermínio da população negra

Eleger governadores alinhados ao campo progressista permitirá políticas mais humanistas e respeitadoras da legalidade. O Rio de Janeiro tem sido exemplo de péssimas escolhas e sofrido profundamente com governadores alinhados com o retrocesso. Governantes que têm adotado políticas do confronto e da morte inclusive como bandeira eleitoral, resultando em chacinas e genocídio da população negra.

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Foto: Ivan Accioly

As três das cinco maiores chacinas do estado foram sob o atual governo. O resultado são 28 mortos (incluído um policial) no Jacarezinho, em 2021. 24 mortos no Complexo da Penha, em 2022 e 17 mortos (incluído um policial) no Complexo do Alemão, também em 2022. São fatos cujos interesses reais quanto às disputas territoriais entre facções de traficantes e milicianos e a utilização das forças policiais do Estado merecem investigação atenta. Assim como a relação das ações policiais com o calendário eleitoral.

Mas o concreto é que, quaisquer que sejam os interesses, os corpos descartáveis foram o negros. O cassado ex-juiz Wilson Witzel se elegeu governador e pregou a política do “tiro na cabecinha” nas favelas. Agora, como um escárnio, é novamente candidato e aguarda decisão da Justiça sobre a validade da candidatura.

O eleitor é responsável por suas escolhas

Nesse quadro a responsabilidade é grande. Não podemos desprezar o poder que temos de influenciar os rumos do país. Cada voto tem peso e deve ser valorizado. Não adianta votar em qualquer um e depois reclamar das políticas adotadas. Da falta de cuidado com os interesses da população. Dizer que tudo está errado. Na hora de votar não há ninguém que interfira na escolha. É o eleitor e o teclado. Falar mal de político é fácil e cômodo, mas eles só se elegem com votos. Cada eleitor é responsável.

No domingo vamos salvar a democracia brasileira. Não há duas opções. Isso é uma falácia adotada por falsos democratas. Apenas uma candidatura é viável para o futuro desse país. Digitar 13 no dia 2 é uma obrigação de quantos têm compromisso com a vida e com a defesa da humanidade.

Alguns candidatos negros do campo progressista no Rio de Janeiro:

Federais

  • Benedita da Silva – 1377- PT
  • Bia Nunes – 1263 – PDT
  • Camila Marins – 1329 – PT
  • Derê Gomes – 5007 – PSOL
  • Edson Santos – 4077 – PSB
  • Henrique Vieira – 5033 – PSOL
  • Humberto Adami – 4055 – PSB
  • Ivanete Silva – 5057 – PSOL
  • Juliana Drummond – 5013 – PSOL
  • Maiara Felício – 1307 – PT
  • Sol Miranda – 4044  PSB
  • Talíria Petrone – 5077 – PSOL
  • Thais Ferreira – 5010 – PSOL

Estaduais

  • Benny Briolly – 50.555 – PSOL
  • Bruno Cândido – 12.088 – PDT
  • Carolina Cacau – 16.555 – PSTU
  • Coletivo das periferias (Vanessa Vicente, Rodrigo Nunes, Marta Batista e Rose Cipriano) – 50.800 – PSOL
  • Dara Sant’Anna – 13.031 – PT
  • Dani Monteiro – 50.050 – PSOL
  • Dani Balbi – 65.123 – PCdoB
  • Eloá Moraes – 13.024 – PT
  • Mônica Francisco – 50.888 – PSOL
  • Professor Josemar – 50.500 – PSOL
  • Rafaela Albergaria – 13.474 – PT
  • Renata Souza – 50.007 – PSOL
  • Veronica Lima – 13.580 – PT
  • Wesley Teixeira – 40.777 – PSB

A lista completa de todo o país está no site Quilombo Nos Parlamentos.  A relação acima inclui alguns que não estão no projeto.

Vale saber

Dados do IBGE mostram que 56% da população brasileira é composta por pessoas negras, mas os parlamentares brancos são 75% do Congresso. Esse ano, entre os 26.398 candidatos em todo o país, 49,3% são negros, pouco mais do que os 46,7% de 2018.

Em 2019 uma emenda constitucional definiu o mínimo de 30% de candidaturas negras por partido. Em 2021 o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que votos em mulheres e em pessoas negras valem o dobro de pontos na distribuição dos recursos do fundo eleitoral.

Imagem em destaque: montagem

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