Mulheres Negras marcham por antirracismo e justiça

Redação – redacao@negrxs50mais.com.br
Evento realizado no dia do aniversário de Marielle Franco homenageia ancestrais, denuncia o racismo e prepara ida a Brasília em novembro
Neste domingo, 27 de julho, a XI Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro ocupou a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Realizada sob o lema “Contra o racismo, por justiça e bem-viver”, a manifestação teve um triplo simbolismo. Ocorreu três dias após o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha; o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e o dia em que Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018, completaria 46 anos.






A marcha, que começou na Praça do Lido e seguiu até a Praça Almirante Júlio de Noronha, reuniu coletivos culturais, movimentos sociais, lideranças quilombolas, de favelas, de comunidades de terreiro, além de caravanas vindas de várias regiões do estado, como a de Nova Friburgo. Meninas e jovens carregaram a faixa de abertura da marcha como representantes do futuro do movimento.



Mulheres homenagearam Marielle Franco no dia de sua aniversário
Entre as participantes, estavam familiares de Marielle, como a mãe, Marinete Silva, a filha, Luyara Franco, e a irmã, Anielle Franco, atual ministra da Igualdade Racial. “O dia 27 sempre foi um dia de luta, mas também de celebração. Estar aqui com tantas mulheres negras gritando por resistência é o que faz tudo valer a pena”, disse Anielle. Já Luyara, diretora do Instituto Marielle Franco, destacou o peso da data: “Hoje minha mãe faria 46 anos. Estar aqui reafirma nosso compromisso com a luta das mulheres negras e com o legado dela”.
Mães pedem Justiça e reivindicam condenação de agentes do Estado que assassinam os jovens negros
Mães de jovens mortos por agentes do Estado exigiram justiça. Rafaela Mattos, mãe de João Pedro, adolescente morto em operação policial em 2020, relatou a dor e a esperança após a decisão recente da Justiça de levar os policiais envolvidos a júri popular. “A gente deu um passo importante, mas ainda tenho medo de que a justiça não aconteça. O racismo e o fato de ele ter sido morto numa favela contribuem para essa demora.”






Mônica Cunha, do Movimento Moleque, que perdeu o filho em uma unidade do Degase, reforçou a denúncia. “A gente marcha nesse lugar caro da cidade para dizer que a dor do luto continua, e que a luta segue. Isso acontece porque o racismo impera sobre nossas vidas. A marcha é para dizer: basta!”






Outro ponto central do ato foi a reivindicação pelo bem-viver — conceito que expressa o direito à vida digna, segurança, liberdade e acesso à comida, moradia, trabalho e lazer.






A manifestação foi uma das atividades preparatórias para a II Marcha Nacional das Mulheres Negras, que será realizada no dia 25 de novembro em Brasília.






Fotos: Ivan Accioly