Em defesa da vida de nossa juventude
Por Ivan Accioly – ivan-accioly@negrxs50mais.com.br
O assassinato do menino João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil do Rio no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 18 de maio, é representativo da forma como a população negra é tratada no país, sob o tacão da necropolítica. O Negrxs 50+ se associa aos protestos contra o genocídio a que são submetidos os negros e, especialmente, os seus jovens, com um assassinato a cada 23 minutos.
Na terça-feira, dia 26 de maio, às 18horas, um grande protesto tomará as redes (Twitter, Instagram, Facebook) da Coalizão Negra por Direitos:@CoalizaoNegra. Cada um pode participar e usar as hastags #AlvosDoGenocídio, #ParemDeNosMatar, #VidasNegrasImportam e #JustiçaPorJoãoPedro. Antes é possível ampliar o protesto com a assinatura do manifesto.
Se aqui nosso público alvo é formado pelos 50+ é porque somos um grupo privilegiado que conseguiu sobreviver ao longo do caminho. Mas temos filhos, netos, sobrinhos, primos, amigos, gente de perto ou de longe que precisa ter o direito às suas vidas assegurado. João Pedro, Maria Eduarda, Ágatha, Daniel, são milhares de nomes. Milhares de pessoas mortas.
Corpos negros exigem respeito
Não é normal um país que mata sua juventude. Os corpos negros exigem respeito. Como disse Neilton Pinto, pai de João Pedro, “Eles não mataram só o João, mataram o pai, uma mãe, uma irmãzinha de cinco anos”. E mais, mataram um pouco de cada um de nós, impotentes frente a essa mostra do racismo que acompanha os negros em toda parte do mundo e que aqui no Brasil é alimentada desde o período da escravização e segue reforçada por discursos de ódio a cada dia.
São os corpos negros que estão na linha de frente da matança patrocinada pelo Estado brasileiro. São armas compradas com o dinheiro da população e usadas para eliminação em um evidente projeto de extermínio que não pode ser aceito. Um projeto de violência que encontra eco e defesa naqueles que buscam constantemente justificar ações de assassinato escudados no manto do medo.
Propostas políticas de liberação do porte e posse de armas para um contingente significativo da população é um exemplo. Assim como a defesa do chamado “excludente de ilicitude” que significa livrar oficialmente a cara de policiais que matem.
A política de atirar na cabecinha não pode prevalecer. Com 56% da população brasileira, os negros são 75,4% dos mortos pelas polícias. Negros têm 23,5% mais chances de serem vítimas de homicídios no país. A chance de um jovem negro ser vítima de homicídio é, em média, 2,5 vezes superior à de um jovem branco.
- #AlvosDoGenocídio
- #ParemDeNosMatar
- #VidasNegrasImportam
- #JustiçaPorJoãoPedro