Negras políticas debatem na Flup os dirigentes para o Brasil

Negras políticas debatem na Flup os dirigentes para o Brasil

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Redação – redacao@negrxs50mais.com.br

 Mulheres negras políticas debatem na Flup – Feira Literária das Periferias o tema “O Brasil precisa ser dirigido por quem passou fome”, no painel online desta terça-feira, dia 23, a partir das 19horas. A mesa contará com a participação de as deputadas Benedita da Silva (PT/RJ), Erica Malunguinho (PSOL/SP) e Renata Souza (PSOL/RJ), que percorrerão os caminhos do feminismo negro na política brasileira. O debate será mediado por Dani Balbi e pode ser acompanhado no YouTube e Facebook da Flup!

O tema central da Flup/RJ 2020 é “Uma revolução chamada Carolina” e dialoga com o livro clássico “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, que completa 60 anos de publicação em 2020.


@fluprj é dedicada à escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977. Após dois dias, o conteúdo estará́ disponível no canal do festival no Youtube.  #MARdeCasa #FlupDeCasa #FicaEmCasa #CarolinaMariaDeJesus

Quem debate:

Benedita da Silva, 78 anos de idade, é deputada federal pelo PT e construiu sua vida pública envolvida nas lutas em favor das comunidades empobrecidas. Morou no Chapéu Mangueira durante 57 anos e iniciou sua trajetória na Associação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro.

Foi voluntária e alfabetizadora de adultos e jovens na favela do Chapéu Mangueira pelo método Paulo Freire e aos 40 anos, concluiu a graduação nos cursos de Serviço Social e de Estudos Sociais. Em 1979, envolveu-se na criação do Partido dos Trabalhadores e em 1982, foi a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro. Tinha como a frase “mulher, negra e favelada”.

Em 1986 foi eleita deputada federal e constituinte. Levou para Brasília temas como o a defesa da mulher, a igualdade racial, os direitos das trabalhadoras doméstica, das minorias, dos direitos humanos e das comunidades faveladas. Em 2002, governou o estado do Rio de Janeiro e, numa decisão inédita, nomeou 20% de negros para o primeiro escalão. Implantou a lei cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi ministra de Desenvolvimento Social do primeiro Governo de Lula, e secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro.

Erica Malunguinho

Aos 37 anos, é deputada estadual em São Paulo e educadora. Aos 17 anos, em Recife, iniciou sua pesquisa em artes performáticas, e elaborou questões de construção de identidades transvestigeneres. Chegou em São Paulo, aos 20 anos aderiu ao universo da educação e movimentando as relações raciais. 

Na educação, trabalhou como professora e como agente cultural. Por mais de uma década, seguiu na formação de docentes e gestores de escolas, creches, ONGs e da rede de circos escolas, para compartilhar o que chamavam de “ampliação do universo cultural”. Naquele momento, as investigações de Erica estavam no âmbito das artes, culturas e políticas a partir dos fundamentos de raça e de gênero.

Construiu diversas ações performáticas que afrontavam as estruturas de poder. Continuou a estudar, tornou-se mestra em estética e história da arte, e decidiu dar continuidade a uma narrativa e construção de um projeto político profundo que estivesse disposto a destrinchar e encarar com coragem as ramificações do projeto colonialista.

Criou o quilombo urbano batizado Aparelha Luzia, em 2016, para pensar em negritudes como fundamento para continuidade de uma narrativa coerente com o enfrentamento das questões e resoluções das violências estruturais. Diz que é um “Lugar de reequilíbrio de forças que projeta uma alternância de poder, como bem deveria ser regra na dita democracia.”

Renata Souza

A deputada estadual pelo PSOL/RJ tem 37 anos, é jornalista e doutora em Comunicação e Cultura, nascida e criada no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Atua na defesa dos direitos humanos há mais de 12 anos, com participação em movimentos sociais, na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e como chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco.

Em 2018, Renata Souza foi a mais votada da esquerda no estado. Seu mandato, diz, “aposta na transformação da sociedade por meio da luta coletiva das mulheres, negras, faveladas e feministas para vencer o ódio e o genocídio dos grupos vulneráveis.”

Renata foi a primeira de sua família a ingressar na faculdade e estudou jornalismo, com bolsa integral, na PUC-Rio. Como comunicadora popular, por mais de 15 anos em favelas para inserir a luta em defesa da vida na pauta da comunicação comunitária.

Amiga e companheira de militância de Marielle Franco desde 2000, quando frequentaram o mesmo pré-vestibular comunitário, que a convidou para ser sua chefe de gabinete quando eleita vereadora.

 A deputada estadual ultrapassou diversas barreiras econômicas e sociais para ingressar na universidade, que considera uma de suas trincheiras de luta, pois como mulher, negra, feminista, favelada e intelectual teve que ultrapassar o machismo, racismo e classismo. Aliou reflexão teórica e ativismo político ao defender sua tese de doutoramento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2017, sobre Segurança Pública sob uma perspectiva de garantia dos direitos humanos com o título: “O Comum e Rua: Resistência da Juventude Frente à Militarização da Vida na Maré”.

Dani Balbi

Doutora em literatura comparada pelo Programa de Ciência da Literatura da UFRJ. Pesquisa literatura, dramaturgia, cinema e representação diegética em geral, com especial interesse para a forma de mimetização das categorias trabalho, história e memória social.

⠀Dani foi a primeira mulher trans negra a lecionar na UFRJ e ministra aulas de Comunicação e Realidade Brasileira na Escola de Comunicação Social da UFRJ (ECO-UFRJ).

A Flup em tempos de isolamento

O ciclo de debates, digitais em função da pandemia de Covid 19, conta com 45 autores, que vão da atriz Zezé Motta à rapper Preta Rara, passando pela urbanista Joice Berth, a deputada Benedita da Silva, a professora Fernanda Felisberto e a catadora Maria Aparecida. Os debates acontecem às 19horas de todas as terças, desde maio até agosto.

Os debates analisam a presença e o legado da autora do livro mais importante escrito por uma mulher negra brasileira.

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