Lançada Escola Nacional de Negócios para afroempreendedores

Lançada Escola Nacional de Negócios para afroempreendedores

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Redação – redacao@negrxs50mais.com.br

Cerca de 10 dos 25 milhões de empreendedores brasileiros são negros e, para atender a este público, foi lançada Escola Nacional de Negócios (Enafro), nesta quinta-feira, dia 27. Um braço da Rede Brasil Afro Empreendedor (Reafro) que pretende oferecer treinamentos empresariais por todo o país. Na live de estreia a presidenta da entidade, Aparecida da Silva, disse que é um ponto de partida que fará os negócios se expandirem. Ela prevê que, em breve, haverá uma grande organização com o conhecimento difundido.

Ruth Pinheiro, presidente de honra da Reafro, afirmou que a nova escola tem como missão, além de trabalhar as técnicas de negócios e capacitar para o mercado, capacitar as pessoas sobre os valores civilizatórios e as lutas do povo negro que está na diáspora. Lembrou que os negros são uma potência econômica mundial e que estão buscando a interação internacional. Segundo Ruth, a Enafro é a soma de ações anteriores e o pontapé de “um grande sonho”, que se transformará em uma escola e até uma universidade.

Formação de líderes para incrementar circulação de riqueza

A Enafro buscará a formação de líderes empreendedores que possam ajudar a incrementar a presença negra na formalidade e incrementar a circulação de riqueza na comunidade, segundo Odair Marques da Silva, um dos diretores da escola.

Segundo o coordenador executivo da Reafro, João Carlos Nogueira, ¼ do PIB brasileiro (R$1,7 trilhões em consumo), são movimentados por negros. Estes, no entanto, não se enxergam como donos dos negócios, mesmo estando distribuídos por todo o país. Em São Paulo, cerca de 1,5milhão de donos de micro e pequenas empresas são negros.

Live- Enafro-Reafro-lançamento-Sebastião Arcanjo

Nogueira disse que sem mexer na estrutura econômica do país dificilmente haverá mudanças que atendam às exigências da sociedade. Ele se baseou em pesquisas feitas pelo Observatório Reafro, uma parceria da entidade com Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde é professor. “A educação, a informação e o conhecimento mudam as nossas vidas, mas não basta. Precisamos mudar as estruturas econômicas.”

Necessidade de agenda antirracista

Elias Sampaio, economista e conselheiro da Enafro, ressaltou o papel da escola, que chega num “tempo interessante” e lembrou que o desafio é grande. Como exemplo informou que a renda dos negros afro americanos é maior do que o PIB brasileiro.

Sebastião Arcanjo, único negro presidente de um clube de futebol da primeira linha no Brasil, a Ponte Preta de Campinas (SP), ressaltou a necessidade da agenda antirracista. Para ele, é um tema que saiu da indignação e se transformou em pauta política. Um debate mundial a partir do assassinato de George Floyd nos Estados Unidos. Nessa semana aconteceu a expansão dos protestos. A recusa de jogar por parte dos jogadores da NBA em função da tentativa de assassinato de Jacob Blake com sete tiros pelas costas por um policial em Wisconsin (EUA), revela que se abriu um novo ciclo histórico na luta antirracista.

Dessa forma, ele vê a pertinência do surgimento da Enafro no Brasil. Para Sebastião, chegamos ao fim de um período iniciado com a marcha de Zumbi dos Palmares. Agora, lançada a Escola Nacional de Negócios, é uma hora que convoca a pensar em novas formas de geração de renda, produção de riqueza e de conhecimentos.

Resiliência, resistência e saberes diaspóricos

A história dos negros, disse Makota Celinha, conselheira da Enafro, é de resiliência e resistência forjada em diferentes lutas e sempre acompanhada da busca do saber. Para ela, a Enafro será esse espaço no século XXI. Sua aposta é de que os “saberes diaspóricos” passam pelo sentimento e têm muito da subjetividade e da resistência ao racismo. “Isso fará a diferença na Enafro, pois será uma oportunidade de aprender a partir da vivência.”

Makota recorreu ainda a Tereza de Benguela, que foi homenageada em 25 de julho, para demonstrar que os negros sempre foram empreendedores. Como exemplo, recordou que os Quilombos sobreviviam com o comércio. A importância da ancestralidade foi lembrada também por Ana Minuto. A conselheira da entidade disse que a inovação e o conhecimento são caminhos sem volta e resultam do acúmulo gerados pelos que vieram antes.

Banco black de olho no mercado

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De olho no mercado financeiro, a Enafro abriu espaço para Sérgo All, do Conta Black. A fintech se apresenta como o primeiro banco digital protagonizado por negros no país. O objetivo da empresa é apoiar a redução do número de “desbancarizados”, que chega a 60 milhões de pessoas,com a inclusão de negros e não negros.

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