Opções com temática racial na Bienal do Livro do Rio 2025

Segue até domingo, dia 22, a Bienal do Livro do Rio 2025. Nesta matéria o Negrxs50mais apresenta alguns autores e livros que abordam a temática racial. São obras de diferentes estilos, como infantis, educativos, quadrinhos, romances, acadêmicos etc. Os nomes também são diversos, como Chimamanda Ngozi Adichie, Conceição Evaristo, Teresa Cárdenas, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório, Allan Pevirguladez, Eliane Alves Cruz, Midiã Noelle, Elisa Lucinda e Nei Lopes, entre muitos outros. Foram selecionadas ainda algumas das mesas de debates.
Aqui seguem alguns dos livros
“Vamos Falar de Racismo”, de Alexandra Loras e Maurício Oliveira (Alta Book)
O livro questiona o mito da harmonia racial no Brasil e evidencia o racismo estrutural presente na sociedade. Por meio de 100 perguntas reflexivas, propõe discussões que incentivam a conscientização e a transformação de atitudes, apontando o diálogo como primeiro passo para a construção de uma postura antirracista.
“Cinquenta tons de racismo”, de Janaína Bastos (Alta Book)
O livro investiga a complexidade da mestiçagem no Brasil, onde termos variados tentam nomear quem não é visto nem como branco nem como negro. Janaína Bastos analisa como fatores como classe social e poder aquisitivo influenciam essa percepção ambígua e revela as raízes do racismo à brasileira. A obra mostra que as questões raciais no país são marcadas por nuances e não podem ser entendidas por explicações simplistas ou binárias.
“Kieza, uma princesa quilombola”, de Marcos Cajé (Callis)
O livro narra a trajetória de uma jovem nascida em condição de escravidão, mas marcada pela força e pela ancestralidade herdada de sua mãe, uma rainha africana. Com coragem, ela lidera a resistência de um quilombo no Brasil. Kieza, uma princesa quilombola é uma obra que mistura aventura e representatividade, exaltando a luta, a identidade e a herança africana.





“No fuzuê da bisa”, de Estela Martins (Callis)
No dia em que a Bisa completa 90 anos, família, amigos e vizinhos se reúnem para celebrar com uma animada festa cheia de música, comida e diversão. A obra retrata, com leveza e alegria, a importância da convivência entre gerações e o valor dos laços afetivos.
“Preto Ozado”, de Lucas de Matos (Ciranda Editorial)
A poesia de Lucas de Matos mistura ancestralidade e juventude para celebrar a vida, a diversidade e a coletividade. Sua escrita reafirma identidades, rompe estereótipos e promove o afeto, construindo uma voz poética comprometida com a memória, a esperança e o amor.


Comunicação Antirracista – Midiã Noelle (Planeta)
Afinal, o que é comunicação antirracista? O livro oferece as ferramentas necessárias para aprimorar as práticas comportamentais de todas as pessoas na construção de uma verdadeira comunicação antirracista. O movimento antirracista se utiliza de diversos instrumentos em suas articulações, como o engajamento político-social e as medidas de discriminação positiva. Mas é pela interlocução e pela filosofia da linguagem que se dá uma das maneiras mais eficazes de se fazer compreendido. Independentemente do meio empregado, do lugar ou do interlocutor, para a comunicação ser uma prática efetiva e transformadora, precisamos – todos – entender quais ações podem ser desenvolvidas para a promoção de uma interlocução que não reforce estereótipos, preconceitos e desigualdades.
O pacto da branquitude – Cida Bento (Companhia das Letras)
O livro denuncia e questiona a universalidade da branquitude e suas consequências nocivas para qualquer alteração substantiva na hierarquia das relações sociais. Diante de dezenas de recusas em processos seletivos, Cida Bento identificou um padrão: por mais qualificada que fosse, ela nunca era a escolhida para as vagas. O mesmo ocorria com seus irmãos, que, como ela, também tinham ensino superior completo. Por outro lado, pessoas brancas com currículos equivalentes ― quando não inferiores ― eram contratadas. Era um acordo não verbalizado de autopreservação, que atende a interesses de determinados grupos e perpetua o poder de pessoas brancas. A esse fenômeno, Cida Bento deu o nome de “pacto narcísico da branquitude”.
Algumas atividades programadas
Dia 19
10h30min – Praça Além da Página Shell
Sessão Shell Novas vozes ancestrais: A produção literária de escritores identificados e revelados pela Flup
No palco da Praça Além da Página, Evandro da Conceição, Alan Miranda, Denise Lima e Eliziane dos Santos discutem a produção literária revelada em 14 anos pela Flup, destacando narrativas que resgatam tradições e reinventam futuros. Mediação de Julio Ludemir.
14h – Café Literário Pólen
Memória e resistência

África do Sul, Brasil e Cuba. Três mulheres, de diferentes partes do mundo, se encontram em uma conversa sobre literatura, memória e resistência. Conceição Evaristo, Teresa Cárdenas e Zukiswa Wanner usam suas vozes e suas narrativas para dar corpo a memórias coletivas, resgatando ancestralidades e trajetórias silenciadas.
15h – Palco Apoteose Shell
Páginas na tela – Torto Arado por todo lado
O que faz com que um romance literário ganhe os palcos e as telas? É a repercussão ou a qualidade? Quem sabe a relevância ou, ainda, a reflexão artística que a obra propõe. Este painel discutirá como Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, pode inspirar outros autores, criadores e mídias.
16h – Café Literário Pólen
Entre Machado e hoje
Machado de Assis segue provocando reflexões sobre o Brasil, suas contradições e desigualdades. Nesta mesa, Eliana Alves Cruz, Lorrane Fortunato, Geovani Martins e Tiago Rogero conversam sobre como a obra do autor atravessa o tempo e influencia a literatura feita hoje. Um encontro para pensar heranças, conquistas e narrativas que se constroem entre o legado machadiano e as urgências do presente.
Dia 19
14h – Café Literário Pólen
Narrativas negras

Foi-se o tempo, ainda bem, em que a literatura e os quadrinhos brasileiros traziam poucas narrativas negras. Nesta conversa, Eliana Alves Cruz e Marcelo D’Salete, dois grandes nomes desses mercados, vão evidenciar o poder de transformação de suas obras junto ao público.
14h – Auditório Ziraldo
Identidade no corpo – Segurança para quem?
As eleições municipais de 2024 confirmaram o que pesquisas já sugeriam. A violência é grande preocupação dos brasileiros, e segurança pública, responsabilidade de todos os níveis de governo. A quem a política de segurança, quando existe, serve? Dá para falar em democracia em áreas urbanas, cada vez maiores, dominadas por grupos civis armados?
Participantes: Rafael Soares -jornalista; Cecília Olliveira-jornalista; Luiz Eduardo Soares – escritor, antropólogo e cientista político; Jessé Andarilho – escritor; Flávia Oliveira – jornalista -mediadora
18h – Café Literário Pólen
Fé
A fé brasileira expressa na cidade, em seus corpos, espaços e práticas de encantamentos da vida articulados a aspectos diversos da nossa formação, é de amplitude inalcançável. Como pensar, refletir, interagir com essa cidade de fé? Em que sentido o racismo religioso impacta os modos de ser que a cidade engendrou? Como pensar, a partir da discussão, uma cidade em que a alteridade, a pluralidade e o respeito prevaleçam em tempos sombrios?
Participantes: Luiz Rufino -professor e escritor; Carolina Rocha, a Dandara Suburbana, Pesquisadora e Escritora; Luiz Antônio Simas – Mediador
Dia 21
12h – Café Literário Pólen
Palavra em resistência: Literatura, memória e Palestina

Nesta conversa, Milton Hatoum, Lina Meruane e Alexandra Lucas Coelho conversam sobre o que os conecta à região — por afetos, origens e inquietações — e como a literatura pode ser uma forma de lembrar, resistir e imaginar futuros. Uma troca de ideias sobre livros, fronteiras e a força da palavra em tempos difíceis.
14h – Café Literário Pólen
A bagagem do conheciemento
Do encontro entre Ailton Krenak e Drauzio Varella nasce um diálogo entre dois dos nossos maiores pensadores. Partindo de áreas do conhecimento distintas, eles compartilham a sabedoria e o interesse pelo senso de humanidade que tanto nos falta nos dias atuais. Uma conversa que nos convida a uma potente reflexão sobre futuros mais justos e possíveis.
16h – Café Literário Pólen
A palavra que nos une
Dia 22
12h – Café Literário Pólen
Páginas na tela – ainda estou aqui

Marcelo Rubens Paiva conversa com os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega, vencedores do Festival de Veneza, sobre “Ainda Estou Aqui”, livro de memórias que reconstrói a história de sua mãe e da própria família sob a sombra da ditadura. Eles conversam sobre a adaptação e transposição do texto para a tela, as escolhas narrativas e criativas que resultaram no filme brasileiro mais bem sucedido da história do nosso cinema contemporâneo, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional — uma produção que comoveu o mundo, sem perder a potência literária original.
14h – Café Literário Pólen
Memória

Partindo de uma máxima das culturas de terreiro, a de que o contrário da vida é o esquecimento e o contrário da morte é a lembrança, constatamos que o campo da memória pressupõe a seleção daquilo que lembramos e daquilo que esquecemos. Toda cidade, como de resto a vida, a literatura, é feita daquilo que se diz e daquilo que, por alguma razão, se silencia. Como pensar uma cidade e uma literatura a partir da matéria-prima da lembrança, em níveis coletivos e individuais?
16h – Café Literário Pólen
Chova ou faça sol
Secas prolongadas, chuvas devastadoras até no deserto, furacões, tempestades de neve, queimadas. Tudo ao mesmo tempo agora e afetando desigualmente a população. Os que mais sofrem são pobres, negros, indígenas, mulheres, ribeirinhos. No ano da COP30 no Brasil, as mudanças climáticas estarão na Bienal do Livro do Rio.
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