Flup-RJ debate mito Carolina Maria de Jesus

Flup-RJ debate mito Carolina Maria de Jesus

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Redação – redacao@negrxs50mais.com.br

Quais os desafios de filmar e encenar a história de um mito é o tema do debate desta terça-feira, dia 19, às 19horas, da FlupRJ (Feira Literária da Periferia). E o mito em pauta é a escritora Carolina Maria de Jesus, que antecipou em quase 60 anos o debate sobre lugar de fala ao ter publicado o seu livro “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”. O encontro reunirá os escritores Luiz Pilar, Elissandro de Aquino e Wilson Rabello, com mediação de Sabrina Fidalgo no Painel on-line “Ninguém vai falar por mim”.

O ciclo de debates, digitais em função da pandemia de Covid 19, foi batizado de “Uma revolução chamada Carolina” e conta com 45 autores, que vão da atriz Zezé Motta à rapper Preta Rara, passando pela urbanista Joice Berth, a deputada Benedita da Silva, a professora Fernanda Felisberto e a catadora Maria Aparecida. Os debates acontecem em todas as terças, de maio a agosto.

O primeiro encontro reuniu na terça, dia 12, a escritora Conceição Evaristo e a poeta e professora Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina Maria de Jesus, que é personagem da mãe e citada na primeira página: “Aniversário da minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios (sic) nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida”.

Pouca mudança em 65 anos

De lá para cá, apesar dos mais 65 anos transcorridos, é possível dizer que para as populações pobres pouco mudou no país.  Como lembra a jornalista Flávia Oliveira em artigo sobre o primeiro dia de debates, a data citada por Carolina no livro era 15 de julho de 1955, mas “poderia ser 14 de maio de 2020, quando mães de favelas Brasil afora, desempregadas e sem rendimentos veem disparar o preço dos alimentos. (…) Mas a comida, porque as famílias estão ficando mais em casa em razão do isolamento social, disparou: 1,40% em março, 2,24% em abril.”

Outro fato narrado do cotidiano de Carolina, ocorrido em 1o de janeiro de 1960 e que segue atingindo a população, é a falta d’água. No texto está: “Levantei as 5 horas e fui carregar agua (sic)”. Como lembra Flávia, um em cada quatro domicílios abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial não conta com abastecimento de água por rede geral e em 58% faltam água, esgotamento sanitário ou coleta de lixo.

Seleção

As 210 mulheres selecionadas para participarem do processo formativo que resultará na edição Século XXI da obra de Carolina, terão dois encontros semanais pelas próximas 14 semanas. Elas foram escolhidas entre 485 inscritas, das quais 38,5% ostentavam o título de mestra ou doutora e 41,4% tinham curso superior completo.  

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