Começam as visitas mediadas à exposição sobre Heitor dos Prazeres
Nesta quarta-feira, dia 5 de julho, começam as visitas mediadas pela equipe do CCBB Educativo Rio de Janeiro à exposição “Heitor dos Prazeres é meu nome”, que acontece em homenagem ao artista no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro até 18 de setembro. A atividade gratuita é uma opção de entretenimento para toda a família. Um dos pioneiros da criação do samba carioca, Heitor foi músico, compositor, pintor, cenógrafo, figurinista, marceneiro, poeta e produtor cultural. Com seu multitalento foi reconhecido em diferentes partes do mundo nas expressões artísticas que dominava.
Nascido na região da Praça XI, no Rio de Janeiro, em 1898, tinha na cidade a matéria criativa de suas músicas e telas. Militou ao seu jeito e retratou em seus quadros uma negritude em festa. Corpos pretos altivos, elegantes, senhores de si e de seus espaços, fosse nos terreiros, nas ruas, nos salões, nas escolas de samba, nas favelas ou gafieiras. Se hoje o afrofuturismo é valorizado com o empoderamento dos corpos negros, Heitor já fazia essa valorização em meados do século XX através da multidisciplinaridade de sua criação.
Pioneiro no samba, ajudou criar três escolas: Portela, Mangueira e Estácio
Heitor esteve na invenção do samba como gênero musical e, na sequência, foi um dos criadores dos espaços onde ele se consolidou. Em 1928, junto com Nilton Bastos, Alcebíades Barcelos e Rubens Barcelos fundou a União do Estácio. Participou da fundação da Portela, para quem fez a bandeira da Quem me faz é o Capricho (origem da escola) e da Estação Primeira de Mangueira. Fundou a “De Mim Ninguém Lembra”, no bairro de Bento Ribeiro e apoiou a criação da Unidos da Tijuca, em 1931.
Na primeira disputa de samba das escolas, organizado por Zé Espinguela, apelido do pai-de-santo e compositor José Gomes da Costa, em 20 de janeiro de 1929, dia dedicado a Oxóssi, Heitor venceu representando o Conjunto de Oswaldo Cruz, que depois seria a Portela. Pela Mangueira concorreram Cartola e Artuzinho e pela Estácio se cogita que tenha sido Ismael Silva.
Sambista de todos os lugares, mais tarde Heitor explicou: “Eu já não era do Estácio, nem da Praça XI, eu já era independente. Heitor pra cá, Heitor pra lá. Eu virei Mano Heitor, andando pelo Estácio, pelo subúrbio, cantando os primeiros sambas.” O companheiro inseparável da jornada fantasiada era o cavaquinho. E ele conta o que acontecia: “Quando olhava para trás tinha mais uma, mais duas, mais três, às vezes vinham 200 pessoas. Eu não podia me afastar para não dispersar e acabava marcando mais um encontro para o dia seguinte.”
O criador que rejeitava os rumos das escolas de samba já nos anos 60
Homem de muitos talentos: compositor, instrumentista, poeta e pintor. Explorava e aproveitava o que de melhor a vida tinha a oferecer. Nos anos 60 já era crítico em relação aos rumos das escolas de samba. Em entrevista ao ‘O Jornal’, em dezembro de 1961, antecipou práticas que hoje são consideradas normais no mundo do samba, mas que ele rejeitava:
“Estas estilizações fazem com que as escolas de samba percam suas finalidades. O que pode acontecer é que elas deixem de existir. O que se vê é um teatro ambulante. Chegará um ponto em que cada um terá a pretensão de ser artista, não de sambista. Vão querer cachê para desfilar e serão organizados como num “show” contratados para o estrangeiro. Será a decadência. Agora não há mais passo de samba, há pulança e marcação. Samba que é bom não há.”
Heitor dos Prazeres
Visitas mediadas – Exposição Heitor dos Prazeres
Segundas e Quintas: 11h e 18h
Quartas e Sextas: 16h
Sábados: 10h e 18h
Domingos: 18h
Ingressos: entrada gratuita, com retirada de ingresso no site www.bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB uma hora antes.
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro (RJ)
Telefone: (21) 3808-2070
Classificação indicativa: Livre
Imagens: Caderno da exposição Heitor dos Prazeres é meu nome
