Monarco – a perenidade e elegância do samba

Monarco – a perenidade e elegância do samba

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Por Paulo Roberto Andel, do na Caixa de CD* – redacao@negrxs50mais.com.br

Por mais que o tempo não pare, com Monarco isso parecia acontecer no melhor sentido. Ele era a perenidade e a elegância do samba numa só pessoa.

Sua morte é também a morte de parte da cidade, a cidade de raízes profundas no samba de classe, no querido América; na cidade de antigamente que, rapidamente postada às nossas vistas, resgata o que já tivemos de melhor.

Monarco - perenidade e elegância- samba

Não é exagero dizer que a morte de Monarco está para o samba como a de Miles Davis para o jazz ou John Lee Hooker para o blues, só para falar de três homens negros do tamanho do mundo, grandiosos, definitivos.

Tudo nele era coisa de elegante

Desde criança eu o conhecia de casa, pelos sons de meu pai, portanto nunca soube o que é a vida sem ouvi-lo. Tudo nele era coisa de elegante, de lorde: o vestir, o falar e o cantar. Felizmente, ainda muito vivo, teve em Zeca Pagodinho – outro monstro – um intérprete de primeira, que espalhou sua música por todo o Brasil.

Tudo tem seu tempo e infelizmente chegou o dia. Contudo, ao contrário do maravilhoso samba de Paulinho da Viola – outro monstro -, não se trata de um rio que passou em nossas vidas. A arte de Monarco permanece: ela é rio de margens e profundeza colossais.

Nota da redação:

Dizer que o samba perde com a partida de Monarco pode soar clichê, mas é a mais pura realidade. Perde em profundidade e perde em sua memória. Na Portela havia quem apelidasse o veterano sambista de HD, por ser o fiel depositário e guardião das tradições da escola.

Quando a Velha Guarda da azul e branco de Oswaldo Cruz foi criada, no fim dos anos 1960, Monarco foi o mais jovem sambista a nela ingressar (chegou a ser zombado por Candeia por isso) e, com o passar do tempo, chegou à condição de decano do grupo, sendo o mais velho de seus integrantes.

Participou, portanto, da gravação do histórico álbum “Portela, Passado de Glória” (1970), produzido por Paulinho da Viola, e que marca a estreia fonográfica desta reunião de grandes sambistas. O disco contribuiu para imortalizar sambas de terreiro geniais que, até então, eram restritos aos frequentadores das rodas de samba da escola e à memória de gente como Monarco.

Na Portela, que amou tanto quanto Paulo Benjamim de Oliveira, o Paulo da Portela, seu eterno mestre, ele foi alçado à condição de presidente de honra. Nosso coração azul chora muito neste fim de semana.

Abaixo, o último álbum do bamba:

*O blog Na Caixa de Cd é parceiro do Negrxs 50+ no compartilhamento de conteúdos.

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