Música brasileira perdeu Tantinho da Mangueira

Música brasileira perdeu Tantinho da Mangueira

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Por redação – redacao@negrxs50mais.com.br

A música brasileira perdeu nesse domingo, dia 12, o compositor Tantinho da Mangueira, que morreu aos 72 anos de idade. O comunicado foi feito na página da escola de samba verde e rosa no Instagram. A morte seria decorrente de complicações com o diabetes.

Batizado como Devanir Ferreira, o cantor e partideiro, nasceu na favela de Santo Antônio, na Mangueira, 21 de agosto de 1947.  Quando tinha 13 anos fez uma música que apresentou ao presidente Juscelino Kubitschek durante a inauguração de Brasília, para onde foi em uma comitiva da escola de samba. “Eu não era muito chegado a samba-enredo, então, compus um samba de terreiro que rimava Brasília com Emília, uma namoradinha que eu tinha na época. A verde e rosa desfilou com a minha música. Eu a cantei pro Juscelino, que se surpreendeu comigo por causa do meu tamanho. Eu tinha 13 anos, mas parecia um menino de oito. Foi inesquecível.”, contou Tantinho em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

O sambista mirim

Sua mãe desfilava na ala das baianas da agremiação. Seu pai era calangueiro e mestre em roda de samba. Aos 7 anos Tantinho já participava de programas de rádio cantando músicas de Padeirinho e Cartola. Aos 13 integrava a ala de compositores da escola.

Desde cedo Tantinho conviveu com os grandes mestres do samba mangueirense, como Cartola, Dona Neuma, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Carlos Cachaça e Padeirinho.

Nelson Sargento homenageou o amigo nas redes sociais: “Música brasileira em luto. Adeus amigo amado. Fará muita falta. Altíssima linhagem de nossa Mangueira. Te amo pra sempre.”

Membro há quase 60 anos da ala de compositores mangueirense, Tantinho disputou o primeiro samba enredo em 1961, mas foi vitorioso somente em 1977, com o enredo “Panapanã, o segredo do amor”. Em 2016 perdeu na disputa oficial, mas ganhou o coração da homenageada e sua música no enredo sobre Maria Bethânia, foi incluída no CD da cantora, intitulado “Mangueira, a Menina Dos Meus Olhos”, lançado em 2019.

Uma vida na música

Nos anos 70 participou das rodas de samba no Teatro Opinião, também namorou com o grupo Originais do Samba, com o amigo Mussum. Na mesma entrevista ao CB ele lembrou: “Quando começaram a projetar o Originais do Samba, o Carlinhos (Mussum) me chamou. O negócio deles era formar um grupo com caras que cantassem e tocassem bem. Fui em três, quatro ensaios. Depois, eles estavam firmando compromissos em São Paulo e eu não quis ir até por causa da doença da minha mãe. Se tivesse ficado no grupo era para eu estar cheio da grana, porque eles ganharam muito dinheiro.”

Sobre Mussum recordou: “Eu e o Mussum éramos irmãos, não era onda, não. Nós dividíamos dinheiro, era tudo recíproco. Até a cachaça nós roubávamos juntos na macumba para beber. Digo irmão mesmo, de ele chorar por minha causa.” Tantinho atuou como músico tocando tamborim em várias gravações de Zé Kétti e Jamelão.

Em 1999, Tantinho participou do CD “Velha-Guarda da Mangueira e convidados”, junto com Nelson Sargento, Mário Lago, Darcy da Mangueira, Darcy Maravilha, Beth Carvalho, Noca da Portela, Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho.

Tantinho foi diretor da Velha Guarda Musical da Mangueira e Baluarte da Escola. Venceu duas vezes o Prêmio da Música Brasileira, nas categorias de melhor cantor e álbum de samba. Trabalhou como office-boy, laboratorista e em agência de publicidade até se aposentar como funcionário da Funarte em 1996.

Ouça a voz de Tantinho

Ouça aqui nesse especial do Estúdio F, programa da Funarte e Rádio Nacional, apresentado pelo jornalista Pedro Paulo Malta, um pouco da voz marcante de Tantinho em interpretações de músicas como “Escurinho”, “Sei lá, Mangueira”, “Linguagem do Morro”, “Modificado” e “Favela”. Canta ao lado da Velha Guarda de Mangueira e ainda o samba enredo “100 Anos de Liberdade”.

Discografia

  • 2011) O samba carioca de Wilson Baptista (participação) • Biscoito Fino • CD
  • (2006) Tantinho, memória em verde e rosa • Selo Natura Musical • CD
  • (2005) Xangô da Mangueira – recordações de um velho batuqueiro • CD
  • (2004) Partido ao cubo • Gravadora Fina Flor • CD
  • (2003) Um ser de luz – saudação à Clara Nunes • Deck Disc • CD
  • (2000) Mangueira, sambas de terreiro e outros sambas • Arquivo-Geral da Cidade do Rio de Janeiro • CD
  • (1999) Velha-Guarda da Mangueira e convidados • Nikita Music • CD
  • (2009) Tantinho canta Padeirinho da Mangueira – Independente CD

Fonte: Dicionário Cravo Albim da Música Brasileira

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