Projeto África Diversa 2021: painéis e oficinas online e gratuitos
Redação – redacao@negrxs50mais.com.br
Começa nesta segunda-feira, dia 19, e segue até sexta, 23, o “Projeto África Diversa 2021”, com diferentes abordagens sobre a herança africana no Brasil. Temas como culturas musicais, identidades afro-diaspóricas, brincadeiras de crianças e escravidão estarão em pauta. Serão oferecidas oficinas e, no encerramento, haverá homenagens à escritora Carolina Maria de Jesus e à pensadora Lélia Gonzalez. O evento gratuito terá transmissão online pelo Facebook e no Youtube do projeto.
Abertura
10horas- Mesa de abertura: Daniele Ramalho, curadora e gestora do África Diversa; Tabué Nguma, diretor do programa “Rota dos Escravos”, da Unesco; Leandro Santana, diretor do MUHCAB, Museu da História e Cultura Afro-brasileira e Renata Costa, Diretoria do Livro e Leitura da SMC Rio.
Painéis
Dia 19
10h30min- “Cais do Valongo: silenciamentos, patrimonialização e reparação”.
Debate sobre os processos de patrimonialização do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, no Cais do Valongo. Serão abordados os silenciamentos, enquadramentos e desafios que envolvem a elaboração de um circuito em torno da memória e história da escravidão na cidade do Rio de Janeiro.
Participantes:
Milton Guran – Doutor em antropologia pela École des Hautes Études em Sciences Sociales/França e mestre em comunicação social pela UnB. É o realizador e coordenador-geral do FotoRio. Autor de “Agudás – os brasileiros do Benim. Ganhou o prêmio VITAE, o X Prêmio Marc Ferrez da Funarte e o Prêmio Pierre Verger da Associação Brasileira de Antropologia, o Prêmio Ori 2007 da Prefeitura do Rio de Janeiro e o Prêmio Orilaxé 2009 do Grupo Cultural Afroreggae. Pesquisador associado ao LABHOI – Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense. Membro do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da Unesco. Membro da diretoria executiva da RPCFB – Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil.
Simone Vassallo – É professora adjunta do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense/ UFF. Possui doutorado em antropologia social pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris. Tem pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Foi professora visitante do departamento de ciências sociais e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ. Foi vice coordenadora do Comitê de Patrimônios e Museus da Associação Brasileira de Antropologia / ABA. Tem experiência na área de antropologia do patrimônio, antropologia da diáspora afro-brasileira, antropologia dos museus e antropologia urbana. Atualmente, desenvolve uma pesquisa sobre as representações da escravidão na Zona Portuária do Rio de Janeiro a partir dos sítios arqueológicos Cais do Valongo e Cemitério dos Pretos Novos.
Dia 20
10horas – “Matriz Africana no Rio de Janeiro: protagonismos negros e desafios sociais”.
Juliana Barreto Farias vai falar sobre seu livro “Mercados Minas: africanos ocidentais na Praça do Mercado do Rio de Janeiro (1830- 1890)”, obra fundamental no estudo da historiografia da escravidão no Brasil. A autora aborda o papel dos africanos e africanas minas que atuaram no comércio do Mercado da Candelária e os lugares por eles ocupados.
Já Elisa Larkin trará as pesquisas de seu livro “O Sortilégio da Cor”, com importantes análises em torno de questões identitárias, explicando suas teses sobre racismo e negritude. O objetivo é criar pontes para pensar as questões sociais a partir de temas como trabalho, renda, escravidão e liberdade.
Participantes:
Juliana Barreto Farias – Professora adjunta nos cursos de Licenciatura em História e Bacharelado em Humanidades da Unilab – Campus dos Malês/BA, e no Programa de Mestrado em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Realizou pós-doutorado em História da África na Universidade de Lisboa, com bolsa de Pós-doutorado no Exterior (PDE) pelo CNPq.
Investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa, onde integra a equipe do projeto SLAFNET ? Escravatura em África: um diálogo entre Europa e África, vinculada ao Centro de História da Universidade de Lisboa e à Universidade Cheikh Anta Diop, em Dakar. Doutora em História Social pela USP, com graduação em História pela Universidade Federal Fluminense, graduação em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e mestrado em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência em produções editoriais e na área de história, com ênfase na história do Brasil, da África e da diáspora africana.
Elisa Larkin Nascimento, doutora em psicologia e mestre em direito e em ciências sociais, atua no Ipeafro, Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros. Coordena o tratamento técnico e a difusão do acervo de Abdias Nascimento. Curadora de exposições e fóruns de educação com base nesse acervo. É autora de vários livros e organizou os quatro volumes da coleção Sankofa (2008-2009).
Dia 21
10horas – “O Reinado e a Herança Africana: culturas musicais e identidades afro- diaspóricas”.
Rafael Galante pesquisa os processos de transformação, (re)criação e incorporação das culturas africanas e suas musicalidades no Brasil. Aborda a agência histórica (cri)ativa dos músicos africanos escravizados oriundos de Angola e do Congo que, entre os séculos XVI e XIX, construíram em diáspora as bases de boa parte das músicas populares contemporâneas. Sérgio Pererê traz em seu trabalho musical uma forte conexão com a ancestralidade, entre o congado, o candomblé e outras referências africanas e da diáspora, com sua voz potente e afetos que o atravessam.
Participantes:
Rafael Galante – Historiador e etnomusicólogo. Mestre e doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo, onde está realizando a pesquisa: “Iconografia musical do Atlântico Negro: Brasil – África Central e Austral, um inventário analítico (Sécs. XVI-XIX)”. Foi professor visitante do Departamento de Português e Espanhol da universidade Smith College, em Massachusetts, EUA e pesquisador visitante no departamento de História da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique. Realiza cursos em diversas instituições culturais, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), Fundação Ema Klabin, Centro de Pesquisa e Formação do SESC-SP.
Sérgio Pererê – Mineiro de Belo Horizonte, é cantor, compositor, percussionista, poeta e ator. Com raízes na cultura afro-brasileira, sua história na arte teve influência de seu pai, que também foi músico. Seus discos demonstram a força das misturas culturais vivenciadas pelo artista. Em obras como Labidumba (2008), onde ele usa a voz como percussão; Serafim (2011), numa versatilidade pop; Viamão (2016), com uma percussão que perpassa a latino-américa; Cada Um (2018), numa mistura do tradicional e o contemporâneo. Leva à cidade seus afetos políticos como forma de luta, seja no carnaval ou no movimento negro. Faz do mundo um palco, onde também virou ator.
Dia 22
10horas – “Narrativas de Liberdade Negra: trajetórias africanas e afro- brasileiras”.
Nessa mesa teremos um debate em torno de temas da escravidão e da liberdade, por meio de trajetórias de protagonismos negros em experiências africanas e afro- brasileiras.
Participantes:
Ana Flávia de Magalhães Pinto – Doutora e pós-doutora em História pela Unicamp, mestre em História pela UnB; bacharel em Jornalismo pelo UniCEUB e licenciada em História pela Unip. É professora do Departamento de História da UnB, atuando na graduação e pós-graduação. Sua tese de doutorado recebeu a menção honrosa do Prêmio Capes de Tese 2015 e o livro dela resultante “Escritos de Liberdade: literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista” ficou no 3º lugar da categoria Ciências Sociais do 5º Prêmio da Associação Brasileira das Editoras Universitárias.
Desenvolve pesquisas articulando conhecimentos das áreas de História, Comunicação, Literatura e Educação, com ênfase em: atuação político-cultural de pensadores/as negros/as, imprensa negra, abolicionismos e experiências de liberdade e cidadania negras no período escravista e no pós-abolição no Brasil e em outros pontos da Diáspora Africana. Intelectual ativista dos Movimentos Negro e de Mulheres, atualmente é coordenadora da regional Centro-Oeste do GT Emancipações e Pós-Abolição da Anpuh e integrante da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros.
Mônica Lima – É professora de História da África e atua no Programa de Pós-graduação em História Social e no Programa de Pós-graduação em Ensino de História do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos(LEÁFRICA) da UFRJ. Tem longa experiência docente. Trabalha desde 1992 com ensino de história da África, da diáspora africana e dos africanos no Brasil em cursos de graduação e pós-graduação. Realizou pesquisas em arquivos e centros de documentação na África, na Europa e no Brasil. Foi a historiadora responsável pela redação do dossiê de candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio da Humanidade. Escreveu, dentre outros, o livro Heranças Africanas no Brasil (CEAP,2009).
OFICINAS
Dia 19
18horas- “Literatura oral de Ifá”
Contar histórias é uma das maneiras de compreender a condição humana. Neste sentido, a possibilidade de transmissão dos conteúdos narrativos cria mecanismos dinâmicos para o ambiente cultural, tornando-se importante elemento constitutivo da vida em sociedade. A literatura oral de Ifá cumpre estes mesmos papéis, sendo também expressão de “cura”, no contexto da consulta oracular. A oficina “Literatura oral de Ifá” pretende discutir estes aspectos, a partir de uma abordagem tanto religiosa quanto filosófica.
Ministrante:
Rogério Athayde é babalaô, escritor e pesquisador. Formado em História pela UFRJ em 1994. Foi professor de Teoria, Metodologia e Epistemologia da História na UFRJ em 1994. Durante muitos anos foi Professor Titular de Antropologia em universidades particulares. É professor do ensino médio desde 1995. Foi professor de pós-graduação do curso “África e Brasil: laços e diferenças”. Possui Pós-Graduação em Pedagogia e Mestrado em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela UFRJ.
Dia 20
18horas- “ Brincadeiras das Crianças de África”
Criança é criança em qualquer lugar. Todas gostam de brincar, correr, cantar, jogar e ouvir histórias. E no Continente Africano não poderia ser diferente. Que tal aprender algumas dessas brincadeiras baseadas nas recolhas e pesquisas realizadas pelo autor ou por Rogério em diferentes países africanos?
Ministrante:
Rogério Andrade Barbosa é contador de histórias, escritor, palestrante, professor de Literatura Africana na pós-graduação da UCM/RJ. Ex-voluntário das Nações Unidas na Guiné-Bissau. Trabalha na área de literatura Afro-Brasileira e programas de incentivo à leitura. Publicou, em 30 anos de carreira, mais de 100 livros infanto-juvenis. Recebeu prêmios como “Altamente recomendável para crianças e jovens/ FNLIJ”, “The White Ravens” e “Prêmio da Academia Brasileira de Letras de Literatura Infanto-juvenil” e “Prêmio Ori” .
Dia 21
18horas – “Ser agudá é ser brasileiro da África” .
Nessa oficina o fotógrafo e antropólogo Milton Guran apresentará a sua experiência de pesquisa antropológica realizada nas Repúblicas do Benin e do Togo, em dois momentos (1996 e 2010), sobre a construção da identidade agudá, enfatizando o papel da fotografia como plataforma privilegiada de observação e de registro de fenômenos sociais visualmente relevantes, que apoia a produção de conhecimento cientificamente controlado sobre as sociedades fotografadas.
Ministrante: Milton Guran
Dia 22
18horas – “Linha do Tempo dos Povos Africanos”.
A oficina trabalha com a linha do tempo dos povos africanos e respectivo suplemento didático, criados por Elisa Larkin Nascimento e disponíveis no site http://ipeafro.org.br/linha-do-tempo/. Parte da apresentação pela autora dos conteúdos das duas peças. A metodologia da oficina se baseia no diálogo com os participantes. Além de perguntas e respostas, a professora busca explorar sugestões e iniciativas apresentadas por educadores, artistas e profissionais presentes.
Ministrante: Elisa Larkin Nascimento.
Dia 23
14horas – “Entre a marimba e o piano: músicos e musicalidades negras no Brasil do século XIX”
Ministrante: Rafael Galante
18horas – Encerramento: “Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez. Lugares de negras: produção de conhecimento e possibilidades”.
Participantes:
Fernanda Felizberto – Docente do Departamento de Letras da UFRRJ, Fernanda é doutora pelo Programa de Literatura Comparada da UERJ e sua área de pesquisa é a de literatura afro-americana e negro-brasileira. Pesquisadora das narrativas de mulheres negras, presente nas literaturas Africanas, Negro-brasileira, Afro-americana e Afro-latina, a tutora do PET Baixada possui publicações na área das literaturas Negro-brasileira, Negro-diaspóricas e das relações raciais e educação.
Raquel Barreto – Mestre em História Social da Cultura pela PUC-Rio, especialista em Fotografia como Instrumento de Pesquisa nas Ciências Sociais pela UCAM e em Literatura Contemporânea Hispano-americana pela UNAM/México. Cursa o Doutorado em História (UFF). Lecionou na UNAM (México) e na Universidad del Claustro de Sor Juana (México). Pesquisadora especialista nas autoras Angela Y. Davis e Lélia Gonzalez com dissertação sobre o tema. No doutorado pesquisa o Partido dos Panteras Negras e as relações entre visualidade, política e poder. Prefaciou a edição brasileira do livro “Angela Davis, uma autobiografia” da Boitempo Editora, tendo dividido mesas com a própria Angela Davis e Patricia Hill Collins. Autora de artigos publicados em jornais e revistas e de circulação nacional e internacional, É cocuradora da exposição da Carolina Maria de Jesus, um Brasil para os brasileiros, que acontecerá no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, no segundo semestre de 2021.
Ótimo Conteúdo gostei muito. 320965026