Drikas Gourmet, dos sacolés ao buffet nos salões universitários

Drikas Gourmet, dos sacolés ao buffet nos salões universitários

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Por Ivan Accioly – ivan-accioly@negrxs50mais.com.br

Dona da Drikas Gourmet, Adriana de Moura, 49 anos de idade, enfrenta diariamente a maratona do empreendedorismo e concilia os afazeres da empresa com os de dona de casa, inclusive dividindo sua própria residência com o negócio. A antiga garagem da casa no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, virou o seu restaurante e sede do serviço de buffet para festas.

Carioca, é mãe de Taissa, de 30 anos de idade e Laryssa, de 25, e considera que herdou da mãe, a mineira Maria das Dores, mãe de 14 filhos, o prazer de cozinhar e o espírito empreendedor: “Eu vivia sempre na barra da saia da minha mãe, comecei a pegar o gosto pela gastronomia.” Até os 15 anos de idade, quando a mãe morreu, a ajudava na venda de cocadas na frente de casa. Mais tarde passou a circular pelo bairro com uma bolsa térmica cheia de cocadas, pasteis e bolos de aipim para vender. Logo ficou conhecida como a “Tia do doce”.

Sacolés na calçada foi o ponto de partida da Drikas Gourmet

No entanto, até resolver empreender formalmente, demorou um tempo. Antes do próprio negócio, trabalhou cuidando de criança e como confeiteira em uma cozinha industrial, na produção de comidas em uma fábrica de salgados com um emprego formal (CLT).

O primeiro passo foi em 2019 com a venda de sacolés, às sextas-feiras, na calçada de casa, onde armava um guarda sol para proteger os produtos. Na sequência, a estrutura de proteção evoluiu para uma tenda e os sacolés ganharam a companhia de uma mesa de salgados, como empadas e petiscos em geral, além das cervejas.

O sucesso no bairro foi grande e com a demanda resolveu instalar uma cobertura na garagem de casa para atender aos clientes. Funcionava, então, de quarta-feira a domingo, das 17h à meia noite. A produção era feita na cozinha da própria residência e ela se desdobrava nas tarefas, pois fazia tudo sozinha, inclusive receber os elogios dos clientes que se multiplicavam e faziam novos pedidos. Entre eles o de comidas mais substanciosas, foi quando, às sextas-feiras, passou a oferecer feijoadas. O retorno foi positivo e resolveu abrir o restaurante e fazer o prato todos os dias. Simultaneamente percebeu que já não dava conta da demanda e contratou ajudantes.

Freio de arrumação para empreender com segurança

Só que o estresse e as diferentes dificuldades fizeram com que percebesse que não estava preparada para a responsabilidade. Resolveu dar um passo atrás e adquirir conhecimentos sobre dois pontos que percebia mais nitidamente fragilidade: finanças e marketing. “Fui aprender na marra, me inscrevi em diferentes cursos e conheci o Sebrae, onde, entre outros, participei do projeto de Afroempreendedorismo e do Sebrae Delas.” Após essa decisão, concluiu pela necessidade de diminuir a carga de trabalho e investir com dedicação na própria capacitação. Alterou o horário de funcionamento do negócio, cobrou do marido a ajuda nos momentos de folga dele e contratou uma nova pessoa para trabalhar em dias alternados.

No processo de auto capacitação, em 2022 encontrou “As Josefinas“, espaço que oferece oportunidades com fomento das culturas afro-brasileira e indígena e de formação empreendedora de mulheres da periferia carioca. Como diz a criadora do projeto, Aira Nascimento, “chegou como aluna, se tornou fornecedora e agora é uma amiga e apoiadora.” Já em 2025 entrou para o Pretonomia, um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que qualifica pessoas negras para atuarem na gastronomia. Adriana comemora: “estava doida para participar desse projeto desde 2023. Agora consegui e tive oportunidade de conhecer novas técnicas, realizei um sonho, fiz o curso e estou formada.”

Drikas Gourmet - Casa da Mulher Carioca de Campo Grande
Adriana (de verde) na Casa da Mulher Carioca de Campo Grande

Outra conquista que lista é a atuação como professora de panificação na Casa da Mulher Carioca de Campo Grande. A casa é voltada ao apoio a mulheres, principalmente às que estão em situação de vulnerabilidade social.

Tempo compartilhado entre o restaurante e o serviço de buffet da Drikas Gourmet

Atualmente atende a cerca de 50 pessoas/dia em seu restaurante com refeições, sobremesas, sucos, salgados e refrigerantes. A unidade, comemora a empreendedora, depois de um período de informalidade, está legalizada na Prefeitura. A maior parte dos clientes consome no próprio espaço, com opções de pratos feitos ou bandeja. Adriana afirma que seu PF é “diferenciado” e servido em embalagens com separações para cada produto, como forma de preservar os diferentes sabores. Além disso, sempre tem em estoque as tradicionais quentinhas redondas, ou seja, sem divisórias, caso o cliente prefira.

Além do restaurante, Adriana aposta no serviço de buffet, com o qual tem aberto portas para novos públicos regularmente por meio de participações em feiras e eventos, como a Feira do Empreendedor do Sebrae, a Expofavela, Tempero de Favela, Festival Gastronomia Preta, Feira das Yabás, Festival d’benguela, encontro de mulheres negras no museu; a conferência internacional “Repensando a História Global do Capitalismo” e serviço de catering em evento da UFRJ. No cardápio estão coffee break, brunch, refeições, sobremesas geladas, bolo caseiro, salgados como empadas e salgados de festa e doces típicos e gourmet.

Serviço

  • Adriana Moura -21 999342694
  • Facebook: drikas._.gourmet
  • Instagram: @Drika’s goumert
  • Restaurante: Rua Médico Arthur Cavalcante Júnior, 365, bairro Adriana, em Campo Grande

Imagens: acervo da Adriana de Moura no Instagram

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