Edição online do Rio Montreux Jazz Festival começa nesta sexta
Por Affonso Nunes – do Na Caixa do CD* – redacao@negrxs50mais.com.br
No ano passado o Rio vibrou com a realização de uma edição local do Montreux Jazz Festival. Palcos de variados tamanhos foram espalhados pela cidade oferecendo aos cariocas e aos visitantes experiências memoráveis. A organização do evento confirmou a segunda edição, mas desta vez no formato virtual, online e gratuito, com uma line-up dominada por artistas nacionais e alguns nomes de peso da cena internacional. Em momentos de distanciamento social, o Rio Montreux Jazz Festival começa nesta sexta e vai conectar Rio, Los Angeles e Nova York até domingo, dia 25. Para receber notificações sobre o início de cada apresentação, é recomendável assinar o canal do festival no YouTube.
Por aqui, a maioria das performances será realizada no Fairmont Copacabana e terá como pano de fundo a deslumbrante orla de Copacabana. Haverá ainda uma apresentação com um tom mais intimista, executada na casa de Milton Nascimento, em Juiz de Fora (MG).
Ao todo, serão 23 shows inéditos, entre apresentações solo e encontros históricos. Além do Bituca, estão confirmados Toquinho, João Donato, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Amaro Freitas e Roberto Menescal, entre outros. Já o time de artistas internacionais traz atrações como Macy Gray, Christian Scott, Anat Cohen, o coral Sing Harlem e Stanley Jordan.
Três dias de shows gratuitos
Durante os três dias de evento, o Rio Montreux Jazz Festival presenteará a plateia virtual com shows inéditos. Mesmo sem a troca de energia entre artistas e público. A diva Macy Gray vai relembrar momentos marcantes de seus 20 anos de carreira. E o time de atrações femininas é fortalecido com excelentes apresentações como as pianistas Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco, que formam o premiado duo Gisbranco, temperado com a técnica da percussionista Lan Lahn.
Ainda falando delas, prestem atenção na big band Jazzmin’s, umas das maiores orquestras do mundo composta apenas por mulheres. A clarinetista israelense Anat Cohen, uma espécie de embaixadora global do nosso chorinho, é outra presença confirmada no line-up. Além dela, se apresenta o Luísa Mitre Quinteto – comandando pela pianista, compositora e arranjadora Luísa Mitre. Junto com ela estarão Natália Mitre (vibrafone), Marcela Nunes (flauta e composição), Camila Rocha (baixo) e Paulo Fróis (bateria).
Palco para encontro de diferentes gerações
Uma grande aposta do Rio Montreux Jazz Festival serão os encontros musicais com artistas de diferentes gerações tocando lado a lado e absorvendo influências mútuas. É o caso dos guitarristas Stanley Jordan e Diego Figueiredo, que vêm de uma turnê em dupla por casas dos EUA e Europa com ingressos esgotados e sucesso de crítica. Outro duo que promete emocionar é o formado pelo jovem e talentoso Amaro Freitas, pianista pernambucano, que se apresentará pela primeira vez ao lado de Hamilton de Holanda, virtuose do bandolim.
E por falar em virtuoses, o Rio Montreux Jazz Festival promete ainda mais nesta edição que chegará às nossas casas no fim de semana. O gaúcho Yamandu Costa – destaque mundial no violão de sete cordas – dividirá as atenções com Toquinho, o último grande parceiro do saudoso Vinicius de Moraes.
Já Roberto Menescal e Marcos Valle, legítimos representantes da primeira e segunda gerações da Bossa Nova, prometem uma performance surpreendente totalmente instrumental. Muito entrosados, Menescal e Valle já correram o mundo tocando em duo e mostrando preciosidades da música brasileira para plateias nos cinco continentes. “Ficamos felizes com o convite do festival. Eles pediram apenas que nosso número fosse totalmente instrumental. Eu e Marcos fizemos os ensaios a distância. Nesta quinta nós e banda fizemos um ensaio presencial e passagem de som no hotel. Muito bom rever o Marcos”, disse Menescal.
Homenagens ao Bituca em seus 78 anos de idade
E, nesta semana em que completa 78 anos, Milton Nascimento receberá homenagens para se tirar o boné! Na atração “Os sonhos não envelhecem”, o coral Sing Harlem, junta-se à Maria Gadu e Samuel Rosa para uma visita à sua obra. Com direito à participação do aniversariante ilustre. O Sing é um dos maiores corais gospel dos EUA e já gravou com artistas como Madonna e Sting.
Já na atração “Viva Gonzagão”, os jovens instrumentistas Michael Pipoquinha (baixo) e Mestrinho (sanfona) formarão com o percussionista Marcos Suzano um trio arretado para celebrar a obra do rei do baião e vai ficar fácil perceber que as águas do Cariri podem nos levar ao Rio Mississipi e vice-versa, pois a música nos faz viajar sem barreiras.
E falando em juventude, a prestigiada Camerata Jovem do Rio de Janeiro, projeto formado por jovens de comunidades carentes, que vem conquistando o mundo, retorna ao festival por conta do grande sucesso de sua apresentação na edição do ano passado. E uma inovação neste ano será o primeiro show instrumental da história do funk brasileiro, apresentado pela Funk Orquestra, aditivada com a participação de dançarinos do passinho. Você vai assistir de casa, mas vai ser impossível ficar parado.
Inovação, ousadia e tradição nos palcos
E a inovação e ousadia do festival seguem. O maestro e instrumentista Letieres Leite e sua Orquestra Rumpilezz levarão as surpreendentes divisões rítmicas afro-baianas para o festival. Já a PianOrquestra, formada por dez mãos e um piano expandido, mostrará o que um único instrumento pode fazer em harmonias e ritmo de forma criativa. Modernidades à parte, a Rio Jazz Orchestra, referência entre as big bands, chega ao Rio Montreux Festival lembrando grandes standards do jazz com arranjos originais e uma pitada de latinidade.
E para recordar a primeira apresentação de músicos brasileiros na edição Suíça do Montreux Jazz Festival na longínqua década de 1970, o grupo A Cor do Som sobe ao palco carioca do festival. Os artistas apresentam parte do mesmo repertório do show histórico de 1978 numa versão totalmente instrumental e que acaba de ser registrada em estúdio pela primeira vez no “Álbum Rosa”, lançado este ano. Na ocasião, a plateia presente na pequena Montreux ficou de queixo caído com aquela apresentação da banda brasileira e sua peculiar fusão de ritmos brasileiros, rock progressivo e jazz. E agora, destaca o tecladista Mu Carvalho, A Cor do Som tem a felicidade de revistar esse repertório quase 40 anos depois.
Outra referência da música instrumental brasileira é o Som Imaginário, que conta com participantes ativos do Clube de Esquina como Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Victor Biglione, Robertinho Silva e Luis Alves. O grupo levará para o evento uma sonoridade que une referências de rock progressivo e música regional. O fundador dos Mutantes, Sergio Dias, depois de longa temporada nos EUA apresenta seu novo projeto de jazz e música instrumental. São composições novas com uma grande banda misturando jazz, rock progressivo e música brasileira.
O maior nome do violoncelo mundial sobe ao palco na última noite do festival, acompanhado por seu trio instrumental. O músico e produtor musical Jaques Morelenbaum, vencedor de diversos Grammys, entra em cena para encantar o público com grandes sucessos da música brasileira.
Duas gerações de pianistas, o “mago” e o “garoto estandarte”
Fecham a lista de artistas confirmados para a segunda edição do Rio Montreux Jazz Festival dois pianistas de diferentes gerações. O promissor Jonathan Ferr tem usado a inspiração de outros ritmos, como funk e hip-hop, para fazer um jazz mais urbano e popular e foi considerado pelo jornal espanhol El País como “garoto-estandarte” do jazz carioca.
Já o “mago” João Donato é um dos criadores da bossa nova, pioneiro do jazz fusion no Brasil e compositor de grandes sucessos e um dos maiores pianistas do país. Chega ao festival com um show totalmente instrumental, onde une o espírito do jazz, com muito improviso, alegria contagiante e clássicos de sua carreira.
“É sempre um enorme prazer pensar no line-up de um festival como o nosso, pois podemos fazer uma reunião dos mais virtuosos músicos e grande parte deles está aqui mesmo, no Brasil. Este ano valorizando ainda mais as nossas mulheres, com grandes instrumentistas brasileiras. Ao mesmo tempo, trazer esses encontros inéditos em um único show, é um dos principais conceitos do festival. Dar ao público algo exclusivo, que nunca viram antes. Este ano, com tantos desafios que tivemos que enfrentar no mundo e no mercado da música, o Rio Montreux Jazz Festival será um sopro de alegria e música de qualidade, assim como uma forma de prestigiar a música nacional. É um projeto que me enche e orgulho e que este ano ganha um significado a mais”, elogia Marco Mazzola, idealizador do festival.
Line-up do Rio Montreux Jazz Festival 2020
Dia 23 de outubro, sexta-feira, a partir das 18h
- A Cor do Som: 42 anos de Montreux Jazz Festival
- Luísa Mitre Quinteto
- Viva Gonzagão! Pipoquinha, Mestrinho e Marcos Suzano
- The Sounds Of Roberto Menescal & Marcos Valle
- Jazzmin’s
- João Donato: Bossa, Jazz e Salsa
- Macy Gray
Dia 24 de outubro, sábado, a partir das 17h30
- Camerata Jovem do Rio de Janeiro: Uma Viagem Pelo Brasil
- Som Imaginário: Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Robertinho Silva, Victor Biglione e
- PianOrquestra
- Hamilton de Holanda e Amaro Freitas
- LUAS: Bianca Gismonti, Claudia Castelo Branco e Lan Lanh
- Stanley Jordan e Diego Figueiredo
- Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz
- Christian Scott aTunde Adjuah
Dia 25 de outubro, domingo, a partir das 16h30
- Jaques Morelenbaum CelloSam3aTrio
- Jonathan Ferr
- Rio Jazz Orchestra
- Anat Cohen and Friends
- Sérgio Dias Jazz Mania
- Toquinho e Yamandu Costa
- Milton Nascimento – Os Sonhos Não Envelhecem – Guests: Sing Harlem, Samuel Rosa e Maria Gadu
- Funk Orquestra
Serviço Rio Montreux Jazz Festival
Data: 23 a 25 de outubro
Transmissão gratuita pela internet
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