A cor do nosso sabor na “terra brasilis” é de três diferentes culturas
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Por Chico Júnior – redacao@negrxs50mais.com.br
Qual a cor do sabor brasileiro? Não é uma cor, são três. Começou com o índio, que tem cor “terra brasilis”; continuou com o branco europeu e prosseguiu com o negro escravizado. Essa é a base da cor do sabor brasileiro, miscigenada, como várias outras culturas alimentares do mundo.
O primeiro “choque de cultura alimentar” que aconteceu no Brasil foi, obviamente, o que ocorreu, por ocasião da “descoberta”, entre portugueses e os índios. Famintos, os recém-chegados “descobridores” e futuros colonizadores tiveram que, obrigatoriamente, ter contato com a cultura alimentar indígena, nossa raiz gastronômica mais pura, mais intensa. O peixe moqueado, a mandioca, o milho, o feijão, as frutas tropicais entraram rapidamente na dieta dos portugueses, que, na medida em que chegavam outros e se aclimatavam, iam fazendo as fusões culinárias, usando os conhecimentos, as técnicas culinárias europeias e os insumos, como as especiarias.
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As primeiras expedições colonizadoras desembarcaram aqui um bando de mortos de fome, que foram, obviamente, alimentados, durante um bom tempo, pelos que aqui estavam, ou seja, os índios.
Diáspora africana, a mais importante na formação culinária brasileira
Logo depois dos portugueses, vieram os africanos. Os africanos escravizados são o segundo maior fluxo migratório do Brasil – um movimento que durou séculos, conhecido por diáspora africana, migração forçada, com fins escravagistas mercantis – mais importante na formação da culinária brasileira.
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O primeiro ciclo migratório se deu, obviamente, com o controvertido “descobrimento” (ou posse) do Brasil. Durou séculos, por conta da colonização. Durante mais de três séculos de colonização, somada à imigração pós-independência, os portugueses deixaram profundas heranças para a cultura do Brasil, inclusive a alimentar.
A base do que podemos considerar como o início da alimentação no Brasil, é muito óbvia e foi montada pela tríade índios, que aqui já estavam; portugueses, os segundos a chegarem; e africanos, os terceiros.
A primeira cozinheira
A primeira cozinheira da história da alimentação brasileira foi, sem dúvida, a mulher indígena. Com a chegada gradual das portuguesas e das africanas, as coisas mudaram e a cozinha passou paras as mulheres brancas portuguesas, que, rapidamente, passaram para a mulher negra, que, ao mesmo tempo em que introduzia as suas técnicas culinárias, ia absorvendo as das portuguesas.
A união dos conhecimentos e técnicas dos indígenas, dos portugueses e dos africanos formou a base da culinária brasileira. Ao mesmo tempo em que os africanos praticavam e desenvolvia sua alimentação nas senzalas, muitos deles, principalmente mulheres, exerciam a tarefa de cozinhar na casa grande, levando conhecimentos e técnicas e adquirindo conhecimentos e técnicas, uma verdadeira simbiose alimentar.
Culinária brasileira com mutações e influencias de vários povos
É claro que a alimentação no Brasil foi se recriando – que é uma característica da História -, sofrendo mutações, e o que conhecemos por culinária brasileira hoje, recebeu também influência de outros povos, outras culturas.
![cozido portuguesa-terra brasilis-Chico Júnior](https://negrxs50mais.com.br/wp-content/uploads/2021/03/Cozido-a-Portuguesa-X-tudo-receitas.jpg)
Foto: XTudoReceitas
Os portugueses, e outros povos europeus, introduziram no Brasil vários tipos de alimentos, como o arroz, levado pelos árabes para a península ibérica, uma das bases alimentares do brasileiro, embora já existisse aqui uma espécie de arroz selvagem, praticamente desconhecido.
A cana de açúcar também foi trazida pelos portugueses (o açúcar foi introduzido na Europa, pelos árabes, por volta do ano 1000). A produção do açúcar foi a principal causa da escravidão. A mão-de-obra escravizada de africanos na produção de açúcar já estava sendo utilizada nas ilhas atlânticas da Madeira e dos Açores à época do descobrimento do Brasil.
O sabor brasileiro é, portanto, tricolor.
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