Jongo do Vale do Café tem festa em Madureira no sábado

Jongo do Vale do Café tem festa em Madureira no sábado

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Redação -redacao@negrxs50mais.com.br

Dois grupos dos quilombos centenários do Vale do Café, no interior do estado do Rio de Janeiro, o Jongo do Quilombo São José e o Jongo de Pinheiral, se uniram à nova geração de jongueiros do Morro da Serrinha, em Madureira. Juntos lançam neste sábado, dia 23, o álbum “Jongo do Vale do Café“, dedicado ao gênero musical.  A festa no bairro da Zona Norte carioca acontece às 16 horas, com a participação de representantes de cinco quilombos, que virão do Médio Paraíba Fluminense. Serão mais de 100 artistas quilombolas reunidos no Viaduto de Madureira. O evento homenagerá o Mestre Darcy do Jongo da Serrinha e a mãe de santo e jongueira mais antiga da Serrinha, Tia Ira Rezadeira. Outra atração será uma grande roda, com direito a fogueira e bandeirinhas.

Vale do Paraíba- Jongo- Quilombo São José- Madureira
Festa no Quilombo São José – Foto: Ivan Accioly

Técnicas de gravação de orquestra em registro no meio da floresta

O álbum reúne 32 pontos, cujas gravações aconteceram durante uma semana no Quilombo São José, em Valença. Para tanto, foi montado um estúdio ao ar livre, localizado no meio da floresta. A estrutura permitiu os registros de músicas que nunca tinham sido gravadas. Participaram da gravação mais de 40 cantores e percussionistas. No lançamento estarão presentes os grupos Jongos de Pinheiral, Quilombo São José/Valença, Vassouras, Arrozal/Piraí, Barra do Piraí e Morro da Serrinha. Entre os instrumentos foram utilizados dois tambores centenários e o tronco escavado, semelhantes aos utilizados em Angola: o caxambu e o candongueiro.

Marcos André, diretor artístico e musical, em parceria com Thiago da Serrinha, explicou que o estúdio e o sistema de gravação utilizaram técnicas de gravação de orquestra. O objetivo, explicou foi “trazer para dentro da casa do ouvinte a esfera mágica e energia de uma roda de jongo de dentro do quilombo”. Segundo ele, “essa obra vai iluminar o público em geral sobre as raízes e a origem do jongo, sua história, tradições e também dar visibilidade aos circuitos turísticos de suas comunidades que teimam em manter viva essa memória ancestral dos pretos-velhos dentro dos seus territórios e lutam pela sua sustentabilidade através da cultura tradicional e do turismo étnico que desperta muito interesse hoje no mundo”.

No sábado, 7 de outubro, às 14horas, o Encontro de Jongos do Vale do Café acontecerá em Pinheiral, no Parque das Ruínas do Jongo de Pinheiral – Rua Francisco de Abreu, s/nº.  Também participarão desta etapa grupos de São Paulo. Será o início de uma turnê de shows para lançamento do álbum pelo país. As duas festas são gratuitas e com censura livre.

A origem do jongo no Vale do Paraíba

O tem suas origens em Angola e se consolidou no Vale do Paraíba com os milhares de pessoas escravizadas nas fazendas produtoras de café da região. Além dele, gêneros musicais como o calango, as folias, os terços, os pastoris, os cantos de trabalho e as ladainhas formaram a base musical do país, incluindo o samba.

“Muitos desses artistas e suas famílias não receberam suas terras com a suposta abolição e foram expulsos das fazendas. Com isso, desceram as serras das cidades do Vale do Café para a capital do Rio à procura de moradia e trabalho. Ao chegarem na cidade, sem ter onde morar, fundaram no alto dos morros as primeiras favelas: Providência, São Carlos, Mangueira, Salgueiro e Serrinha. Anos depois, esses mesmos mestres do jongo inventaram o samba junto com os baianos, também recém-chegados, e fundaram as primeiras escolas de samba do Brasil”, lembra Marcos André.

Outras famílias conseguiram permanecer no Vale do Café e criaram quilombos de resistências, entre eles o Quilombo São José e de Pinheiral fundados por volta de 1850. São esses descendentes que gravaram o Jongo do Vale do Café na sua forma original. O Iphan tombou o jongo como patrimônio histórico nacional em 2005. O primeiro bem imaterial do estado do Rio nesta condição, diz Marcos André.

Roda de Jongo no Viaduto de Madureira

  • Onde: Viaduto de Madureira
  • Quando: sábado, dia 23 de setembro
  • Hora: 16 h

Encontro de Jongos do Vale do Café

  • Onde: Parque das Ruínas do Jongo de Pinheiral – Rua Francisco de Abreu, s/nº – Pinheiral
  • Quando: sábado, dia 07 e outubro
  • Hora: 14h

Ingressos: os eventos são gratuito, com censura livre

Imagens: destaque – capa disco/divulgação – Fotos: Ivan Accioly

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