Benedita da Silva recebe diploma Abdias Nascimento na Alerj
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Redação* – redacao@negrxs50mais.com.br
A defesa da igualdade religiosa e a luta pela diversidade e contra o racismo foram alguns dos temas em destaque na noite da última segunda-feira, dia 31, quando a Benedita da Silva, ex-governadora, ex-senadora e atualmente deputada federal recebeu o diploma Abdias Nascimento concedido pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Em recuperação de uma cirurgia e da perda do filho Pedro Paulo, 58 anos, que morreu de câncer no início de abril, Benedita da Silva fez um discurso sobre o momento: “Minha emoção é grande. Fiz 80 anos e tenho passado momentos difíceis, mas minha responsabilidade é grande. Estou curtindo essa homenagem e não tenho como não me emocionar. Não tenho mais filhos, mas tenho filha, netos, netas, bisnetos e bisneta. Na minha casa todo mundo é bamba”, disse.
![Benedita da Silva-deputada- PT RJ- Abdias Nascimento](https://negrxs50mais.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Benedita-da-Silva-300x273.jpg)
A deputada lembrou que atuou no Senado ao lado de Abdias Nascimento: “Foi ator, grande pintor e fundou o teatro negro, junto com Ruth de Souza. Todos nós, militantes, considerávamos o nosso Zumbi. Era aguerrido, radical, transparente em defender o que queria. No Senado, chamava os orixás e começava a bater o tambor dele”.
Luta antirracista e contra intolerância religiosa
O pioneirismo de Bené à frente de causas que hoje são consideradas atuais também foi lembrado por diversas pessoas que discursaram. Na mesa estavam o pastor Oliver Costa Goiano e o babalorixá Dailton Moreira de Ogum, que falaram contra a intolerância religiosa. Benedita é filha de mãe de santo, mas optou pela religião evangélica há mais de 40 anos.
A ex-deputada estadual e ex-vereadora Jurema Batista, que foi assessora de Benedita, destacou sua generosidade e agradeceu a ajuda em sua carreira política. A vereadora Tainá de Paula também reconheceu a grandiosidade da deputada e destacou sua força política para alavancar outras lideranças negras, especialmente mulheres.
Marido de Benedita, o ator Antônio Pitanga, de 83 anos, contou como conheceu a companheira, ainda nos tempos em que ela atuava como professora na comunidade do Chapéu Mangueira. Destacou a admiração por sua referência ao lado de outras grandes figuras femininas da história contemporânea. A entrega do prêmio com o plenário lotado, foi feita pelo presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), que relembrou a trajetória política de Bené, sua luta contra o racismo e a favor das comunidades do Rio de Janeiro, como o morro Chapéu Mangueira, onde nasceu e viveu durante 57 anos.
![Benedita da Silva- deputada federal](https://negrxs50mais.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Benedita.jpg)
“Benedita da Silva é uma mulher guerreira, lutadora, defensora da igualdade e da justiça social; referência para todos nós e um exemplo de brasileira. Tenho muita honra de ter a oportunidade de conviver com a Bené, pessoa ímpar, singular, por quem tenho profunda admiração, especialmente por seu imensurável trabalho no combate ao racismo e em defesa das mulheres e das minorias”, disse Ceciliano, que a chama carinhosamente de ‘tia’.
De líder comunitária a governadora do Rio
![Benedita da Silva- deputada- vereadora](https://negrxs50mais.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Bene-mulheres-199x300-1.jpeg)
Benedita iniciou sua trajetória na Associação de Favelas do Estado do Rio, onde foi voluntária na alfabetização de adultos e jovens da comunidade. Aos 40 anos de idade concluiu os cursos de Serviço Social e de Estudos Sociais. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e em 1982 foi eleita a primeira vereadora do partido e primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro.
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Em 1986 foi eleita deputada federal. Nas eleições de 1994 chegou ao Senado. Como governadora do Rio, em 2002, numa decisão inédita, Benedita nomeou 20% de negros para o primeiro escalão de sua equipe e implantou o sistema de cotas na Uerj. Em 2003 assumiu o Ministério da Assistência e Promoção Social no primeiro governo Lula. Eleita novamente deputada federal, em 2010, 2014 e 2018, entre outras ações foi a relatora da Proposta de Emenda Constitucional que ampliou os direitos das trabalhadoras domésticas.
*Com informações da Ascom/Alerj