A beleza estética e a história das tranças afro desde a antiguidade
Por Patry Dias*
Desta vez vou falar sobre tranças, pois da última vez que estava radiante com as minhas, vieram me perguntar porque eu estava usando cabelo de “neguinha”. Bem, se a intenção foi usar o tom pejorativo, dei um sorriso e respondi: “então consegui meu objetivo, porque é exatamente o que eu sou”. Afinal, a beleza estética e a história das tranças afro merecem respeito.
Percebo que tem muita gente que gosta de dar palpite e é muito desinformada sobre moda para negrxs.
Contando uma breve história sobre as tranças
Dizem os estudiosos que a história das tranças afro e sua moda começaram há mais de 3 mil anos antes de Cristo, na África. A trança era usada para identificar tribos, estado civil, religião e até posição social. Em diferentes regiões africanas, seus povos usam as tranças como instrumento de comunicação.
Digo a vocês que, quem não tem o dom nem paciência para fazer suas próprias tranças, terá dificuldades. As tranças dependem de habilidade, paciência e disposição para gastar. Afinal, a beleza também requer cuidados e investimento. Mas o importante é que, com ela, estamos sempre penteados, como reis e rainhas, desde o levantar até a hora de dormir.
No tempo de Cleópatra (69 a.C a 30 a.C), ter muitas tranças representava ter poder e riqueza e tranças nas barbas eram vistas como símbolo de divindade.
As tranças foram usadas de diferentes formas por diversas civilizações. Na Grécia Antiga, as mulheres as usavam longas. Já os Celtas e Vikings adicionavam metais para representarem superioridade. Na idade média, era uma forma de penteado para esconder o cabelo. Na Europa, era usada pela realeza para melhor encaixe das suntuosas perucas.
Aprendendo sobre a nossa relação com a trança e seus estilos
Já no Brasil e em outros países da América Latina, a história das tranças afro é associada com um símbolo de resistência e ancestralidade.
Uma grande referência é a trança nagô ou trança de raiz, ensinamento herdado por gerações e conhecida por ser coladinha na cabeça, com seus desenhos incríveis. Além de ser uma forma de cuidar, proteger e embelezar os cabelos, era um disfarce dos escravizados, para desenharem as rotas de fuga para os Quilombos, em busca da liberdade.
Tipos de tranças
Nagô
Hoje a trança nagô embeleza a cabeças de celebridades e pessoas do nosso cotidiano e também é muito usada para fazer extensão de cabelo.
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Trança Nagô com extensão -
Trança Nagô -
Trança “box braids” longa
Solta
Além da nagô, você pode aumentar suas madeixas com a trança solta. Feita com fibras sintéticas conhecidas como jumbo, é trançada da raiz até a ponta. A trança solta pode ter diferentes tamanhos, indo até os pescoços, as costas ou as cinturas e atualmente são conhecidas como “box braids”.
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Trança boxeadora -
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Box braids -Keri Hilon
Grossas
Já as com espessuras mais largas, são chamadas de tranças grossas. As famosas e tradicionais tranças Maria-Chiquinha reaparecem com força total. Mais grossas, com extensão de jumbo e sendo chamadas de tranças boxeadoras.
Twist
Existe também uma nova versão de trança, chamada de Twist, que é dividida em duas partes, ao invés três. Uma se enrola na outra. Eu acho que o Twist é a cara de um penteado antigo, chamado enroladinho, que as mamães negras faziam nos cabelinhos dos seus filhos para dormir e, muitas vezes, para sair.
Tranças com cabelo hidratado, nutrido e sem quebrar
A trança é ótima para qualquer período de transição, tanto para a de cabelos brancos, como para a química, além de estimular o crescimento dos cabelos crespos. É interessante ter o uso de cera, gel ou creme especializados para trançar, para não quebrar o cabelo e deixá-lo hidratado e nutrido.
Se você quer fazer um estilo, com a trança vai ficar muito versátil, circulando entre o visual sofisticado, fashion, esportivo e, até mesmo, o casual.
Espero que com estas simples dicas sobre tranças você possa ter uma ligeira noção sobre quais os tipos estão fazendo a cabeça Black. E saber que as tranças valorizam a nossa beleza e a história da nossa etnia.
* Patrícia Dias – Instagram/Facebook: @patrydiasoficial
